Abri a porta e vi meu amigo que há tempo não via.
Estranhei apenas que ele viesse acompanhado de um cão. Cão não muito grande,
mas bastante forte, de raça indefinida, saltitante e com um ar alegremente
agressivo. Cumprimentei meu amigo com entusiasmo. Ele, com uma expressão de
felicidade, abraçou-me calorosamente e já começou a contar as novidades.
Aproveitando as saudações, o cão se
embarafustou casa adentro e logo o barulho na cozinha demonstrava que ele tinha
quebrado alguma coisa. Eu encompridei um pouco as orelhas, mas o meu amigo fez
um ar de que a coisa não era com ele.
O
cão passou pela sala, o tempo passou pela conversa, o cão entrou no quarto e
novo barulho de coisa quebrada. Esbocei um sorriso amarelo, esforçando-me para
conter o nervosismo. Já o meu amigo mantinha uma postura de indiferença.
De
repente, o cão saltou sobre um móvel, derrubou o abajur, trepou com as patas
sujas no sofá (o tempo passando) e deixou lá as ma
Por
fim, o meu amigo se foi. Mas ainda ia indo quando eu lhe perguntei:
—
Não vai levar o seu cão?
— Cão? Cão? Cão? — pôs-se a repetir
ele, admirado. — Ah, não! Não é meu não. Quando eu entrei, ele entrou naturalmente
comigo e eu pensei que fosse seu. Não é seu, não?
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