Vejam algumas curiosidades. Expressões populares, usadas ingenuamente por nós e que têm origens bem
antigas e histórias interessantes. Vários são os ditados provindos da mitologia grega, que são
habitualmente usados na nossa língua:
CALCANHAR DE AQUILES
A mãe de Aquiles, Tétis, com o objetivo de tornar seu filho invulnerável, mergulhou-o num lago mágico,
segurando o filho pelos calcanhares. Páris feriu Aquiles na Guerra de Tróia justamente onde? Isso mesmo,
no calcanhar. Portanto, o ponto fraco ou vulnerável de um indivíduo, por metáfora, é o calcanhar de Aquiles.
VOTO DE MINERVA
Orestes, filho de Clitemnestra, é acusado do assassinato da mãe. No julgamento, houve empate. Coube a
deusa Minerva o voto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é o voto decisivo.
Depois da mãe de Aquiles, vamos a outras mães...
CASA DA MÃE JOANA
Na época do Brasil Império, mais especificamente na época da minoridade do Dom Pedro II, os homens
que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro cuja
proprietária era justamente a Joana. Como eles mandavam e desmandavam no país, ficou a frase casa da
mãe Joana como sinônimo de lugar em que ninguém manda.
VÁ SE QUEIXAR AO BISPO
No tempo do Brasil colônia, por causa da necessidade de povoar as novas terras, a fertilidade na mulher
era um predicado fundamental. Em função disso, elas eram autorizadas pela igreja a transar antes do
casamento, única maneira de o noivo verificar se elas eram realmente férteis.
Ocorre que muitos noivinhos fugiam depois do negócio feito. As mulheres iam queixar-se ao bispo, que
mandava homens atrás do fujão.
CONTO DO VIGÁRIO
Duas igrejas em Ouro Preto receberam um presente uma imagem de santa.
Para verificar qual da paróquias ficaria com o presente, os vigários resolveram deixar por conta da mão
divina, ou melhor, das patas de um burro. Exatamente no meio do caminho entre as duas igrejas, colocaram
o tal burro, para onde ele se dirigisse, teríamos a igreja
felizarda. Assim foi feito, e o vigário vencedor saiu satisfeito com a imagem de sua santa. Mas ficou-se
sabendo mais tarde que o burro havia sido treinado para seguir o caminho da igreja vencedora. Assim,
conto do vigário passou à linguagem popular como falcatrua, sacanagem.
FICAR A VER NAVIOS - HISTÓRIAS DE PORTUGAL
O rei de Portugal, Dom Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, mas o corpo não foi encontrado.
A partir de então (1578), o povo português esperava sempre o sonhado retorno do monarca salvador.
Lembremos que, em 1580, em função da morte de Dom Sebastião, abre-se uma crise sucessória no trono
vago de Portugal.
A conseqüência dessa crise foi a anexação de Portugal à Espanha (1580 a 1640), governada por Felipe II.
Evidentemente, os portugueses sonhavam com o retorno do rei, como forma salvadora de resgatar o orgulho
e a dignidade da pátria lusa. Em função disso, o povo passou a visitar com frequência o Alto de Santa
Catarina,em Lisboa, esperando, ansiosamente,o retorno do dito rei.
Como ele não voltou, o povo ficava apenas a ver
navios. Várias piadas são provenientes deste ditado. Uma delas faz graça do casamento de Jaqueline
com Onássis, grande construtor de navios. Na lua de mel, Jaqueline teria ficado diante da janela do
quarto, e Onásis dizendo-lhe os nomes dos navios atracados no porto. Logo, na lua de mel,ela ficou apenas
a ver navios, como o povo português. É importante frisar também que a morte de Dom Sebastião inaugura o
sebastianismo, que se trata simplesmente disto a chegada do salvador. Várias crenças advêm daí.
Entre elas podemos destacar a guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro.
NÃO ENTENDO PATAVINAS
Os portugueses, conta a história, tinham dificuldades em entender os que diziam os frades franciscanos
patavinos, isto é, originários de Pádua, em italiano Padova. Não entender patavina significa não entender
nada.
DOURAR A PÍLULA
Vem das farmácias que, antigamente, embrulhavam as pílulas em requintados papéis, para dar melhor
aparência ao amargo remédio. Logo,dourar a pílula é melhorar a aparência de algo.
CHEGAR DE MÃOS ABANANDO
Os imigrantes, no século passado, deveriam trazer as ferramentas para o trabalho na terra. Aqueles que
chegassem sem elas, ou seja, de mãos abanando, davam um indicativo de que não vinham dispostos ao
trabalho árduo da terra virgem. Portanto, chegar de mãos abanando é não carregar nada.
Ele chegou de mãos abanando ao aniversário. Significa que não trouxe presente ao pobre aniversariante,
que terá de se satisfazer apenas com a presença do amigo.
VOX POPULI, VOX DEI!
A VOZ DO POVO, A VOZ DE DEUS!
Câmara Cascudo, em Superstição no Brasil, nos esclarece a origem deste ditado. É hábito nosso fazer
adivinhações, por exemplo, como saber o nome do futuro marido ou da futura mulher?
Existem várias crenças.
Uma delas é colocar uma moeda na fogueira e, pela manhã, retirá-la do braseiro. Em seguida, dá-se esmola
ao primeiro pedinte. O nome do mendigo será o nome do futuro noivo.
Outra registrada por Câmara Cascudo é a
superstição de pôr-se água na boca e esconder-se atrás de uma porta. O primeiro nome ouvido será o do
futuro cônjuge.
A curiosidade é que este hábito não é apenas brasileiro, mas tem origem européia. As pessoas consultavam
o deus Hermes, na cidade grega de Acaia, e faziam uma pergunta ao ouvido do ídolo. Depois o crente
cobria a cabeça com um manto e saía à rua. As primeiras palavras que ele ouvisse eram a resposta a
sua dúvida. Assim, a voz do povo, a voz de Deus.
C.E. Eduardo Artur Neves Moreira
Presidente do Elos Clube do Rio de Janeiro
Disponível em http://portaldalusofonia.blogspot.com/2005/09/curiosidades-da-lngua-portuguesa.html
Olá! Tudo bem? Adorei o seu blog, sabia? Essa sua forma espontânea de "fluir para fruir"... Desejo-lhe sucesso e prosperidade. Um grande abraço!
ResponderExcluirhttp://nelsonsouzza.blogspot.com