sábado, 30 de abril de 2011

QUAIS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA FORAM INCORPORADAS PELO INGLÊS?

Muitos termos referentes à cultura e culinária brasileiras já constam dos dicionários em inglês

                                                                                                                   Renata Costa

Muitas palavras originais do inglês foram incorporadas à língua portuguesa, mas o caminho oposto também acontece. Algumas delas já foram definitivamente aceitas no dicionário. Um indicativo disso é a nova edição do Oxford English Dictionary, lançada este ano. É o caso do guarana, assim, sem acento; várzea, definida como a inundação quando o rio sobe; feijoada; feijão; umbanda; fetiche, de feitiço; e lambada. Esta última, com sentido de "agitação".

Outras estão em teste, o que o dicionário define como “draft entry” (algo como “entrada rascunho”), como farofa, telenovela, caipirinha, caipirosca, cachaça, açaí, churrasco e capoeira, entre outras.

Há uma característica interessante na migração de palavras de um idioma a outro. “As palavras brasileiras importadas pelo inglês são sempre relacionadas a traços da nossa culinária e cultura”, explica Vívian Cristina Rio, linguista e consultora do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC). Já muitos vocábulos de língua inglesa incorporadas no português têm, por outro lado, relação com negócios e tecnologia, os famosos jargões.

É interessante observar que todas as palavras “brasileiras” adotadas em inglês são velhas conhecidas nossas, não são invenções novas. A linguista explica que isso indica que o Brasil e sua cultura estão sendo mais difundidos lá fora. “Os dicionários pegam as palavras nos principais veículos de comunicação e outras referências escritas em inglês. Então, isso quer dizer que nos últimos anos tem crescido o número de reportagens e referências ao Brasil no exterior”, explica a linguista.



01/10/2009

SINAIS DE PONTUAÇÃO

Pontos de Vista

Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.
— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".
— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.
— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.
— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: "A guerra começou!"
— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.
— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.
— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.
Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Will.

Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Desordem no Tribunal

Advogado : Qual é a data do seu aniversário?


Testemunha: 15 de julho.

Advogado : Que ano?

Testemunha: Todo ano.

____________________________________________

Advogado : Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?

Testemunha: Sim.

Advogado : E de que modo ela afeta sua memória?

Testemunha: Eu esqueço das coisas.

Advogado : Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?

____________________________________________

Advogado : Que idade tem seu filho?

Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.

Advogado : Há quanto tempo ele mora com você?

Testemunha: Há 45 anos.

____________________________________________

Advogado : Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?

Testemunha: Ele disse, 'Onde estou, Bete?'

Advogado : E por que você se aborreceu?

Testemunha: Meu nome é Célia.

____________________________________________

Advogado : Seu filho mais novo, o de 20 anos....

Testemunha: Sim.

Advogado : Que idade ele tem?

______________________________________________

Advogado : Sobre esta foto sua... o senhor estava presente quando ela foi tirada?

_______________________________________________

Advogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?

Testemunha: Sim, foi.

Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?

_______________________________________________

Advogado : Ela tinha 3 filhos, certo?

Testemunha: Certo.

Advogado : Quantos meninos?

Testemunha: Nenhum

Advogado : E quantas eram meninas?

_______________________________________________

Advogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?

Testemunha: Por morte do cônjuge.

Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?

_______________________________________________

Advogado : Poderia descrever o suspeito?

Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.

Advogado : E era um homem ou uma mulher?

_______________________________________________

Advogado : Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas?

Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...

_______________________________________________

Advogado : Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?

Testemunha: Oral..

_______________________________________________

Advogado : Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?

Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20:30 h.

Advogado : E o sr. Décio já estava morto a essa hora?

Testemunha: Não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.

_____________________________________________

Advogado : O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?

_______________________________________________

Advogado : Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?

Testemunha: Não.

Advogado : O senhor checou a pressão arterial?

Testemunha: Não.

Advogado : O senhor checou a respiração?

Testemunha: Não.

Advogado : Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?

Testemunha: Não.

Advogado : Como o senhor pode ter essa certeza?

Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.

Advogado : Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?

Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar !!!


Essas pérolas foram retiradas do livro "Desordem no Tribunal", de Charles M. Sevilla. Recebi por e-mail e achei muito interessante para refletir sobre interpretação e sentidos que se formam a partir do contexto, mesmo não estando inseridos com todas as letras no texto. Por exemplo: não é preciso dizer que uma pessoa está morta, o simples fato de se saber que sofreu uma autópsia, já indica esse fato.