quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O HOMEM; AS VIAGENS

O homem, bicho da Terra tão pequeno


chateia-se na Terra

lugar de muita miséria e pouca diversão,

faz um foguete, uma cápsula, um módulo

toca para a Lua

desce cauteloso na Lua

pisa na Lua

planta bandeirola na Lua

experimenta a Lua

coloniza a Lua

civiliza a Lua

humaniza a Lua.



Lua humanizada: tão igual à Terra.

O homem chateia-se na Lua.

Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.

Elas obedecem, o homem desce em Marte

pisa em Marte

experimenta

coloniza

civiliza

humaniza Marte com engenho e arte.



Marte humanizado, que lugar quadrado.

Vamos a outra parte?

Claro — diz o engenho

sofisticado e dócil.

Vamos a Vênus.

O homem põe o pé em Vênus,

vê o visto — é isto?

idem

idem

idem.



O homem funde a cuca se não for a Júpiter

proclamar justiça junto com injustiça

repetir a fossa

repetir o inquieto

repetitório.



Outros planetas restam para outras colônias.

O espaço todo vira Terra-a-terra.

O homem chega ao Sol ou dá uma volta

só para tever?

Não-vê que ele inventa

roupa insiderável de viver no Sol.

Põe o pé e:

mas que chato é o Sol, falso touro

espanhol domado.



Restam outros sistemas fora

do solar a col-

onizar.

Ao acabarem todos

só resta ao homem

(estará equipado?)

a dificílima dangerosíssima viagem

de si a si mesmo:

pôr o pé no chão

do seu coração

experimentar

colonizar

civilizar

humanizar

o homem

descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas

a perene, insuspeitada alegria

de con-viver.



Carlos Drummond de Andrade


In As Impurezas do Branco

José Olympio, 1973

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

VERBO SER

Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
 
 
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 27 de agosto de 2011

HISTÓRIA DA PREGUIÇA

Esta é uma história sobre quatro pessoas: Todo Mundo, Alguém, Qualquer Um e Ninguém.
Havia um grande trabalho a ser feito e Todo Mundo tinha certeza de que Alguém o faria.
Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho de Todo Mundo. Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém imaginou que Todo Mundo deixasse de fazê-lo.
Ao final Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém fez o que Qualquer Um poderia ter feito.

História Popular. Autor desconhecido.

NO AEROPORTO

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheio (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pôr-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

Viajou meu amigo Pedro. Ficou refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.


ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. Em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973,p.1107-1108

domingo, 17 de julho de 2011

O LIXO

                                                 Luís Fernando Veríssimo



Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.

- Bom dia...

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612

- É.

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

- Pois é...

- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...

- Na verdade sou só eu.

- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

- Entendo.

- A senhora também...

- Me chame de você.

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...

- A senhora... Você não tem família?

- Tenho, mas não aqui.

- No Espírito Santo.

- Como é que você sabe?

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

- É. Mamãe escreve todas as semanas.

- Ela é professora?

- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

- Pois é...

- No outro dia tin ha um envelope de telegrama amassado.

- É.

- Más notícias?

- Meu pai. Morreu.

- Sinto muito.

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.

- Você brigou com o namorado, certo?

- Isso você também descobriu no lixo?

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

- É, chorei bastante, mas já passou.

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...

- É que eu estou com um pouco de coriza.

- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

- Namorada?

- Não.

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

- Você já está analisando o meu lixo!

- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.

- Não! Você viu meus poemas?

- Vi e gostei muito.

- Mas são muito ruins!

- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

- Se eu soubesse que você ia ler...

- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

- Ontem, no seu lixo...

- O quê?

- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

- Eu adoro camarão.

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...

- Jantar juntos?

- É.

- Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum.

- Vai sujar a sua cozinha?

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

- No seu lixo ou no meu?»





Fonte: http://7leitores.blogspot.com/2008/07/o-lixo-luis-fernando-verssimo.html

Aprenda o correto

Vai dizer que você falava corretamente algum desses?



HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO... e eu ficava imaginando como seria um pé de cachimbo, quando o correto é: HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO... Domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...).

APRENDA O CORRETO:

E a gente pensa que repete corretamente os 'ditos populares'

Dicas do Prof. Pasquale:
No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro' "Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro???"

Correto: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro' "Tá aí a resposta para meu dilema de infância!"

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'

Enquanto o correto é: ' Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.' "Se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?"

'Cor de burro quando foge.'

O correto é: 'Corro de burro quando foge!' "Esse foi o pior de todos!

Burro muda de cor quando foge??? Qual cor ele fica???

Outro que no popular todo mundo erra: 'Quem tem boca vai a Roma.'

"Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!" O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado: 'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.

O correto é: 'Esculpido e encarnado' (é praticamente um clone)

Mais um famoso... 'Quem não tem cão, caça com gato.' "Entendia também, errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho tá de bom humor!"

O correto é: 'Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho!'


Autor desconhecido (recebido por e-mail)

sábado, 2 de julho de 2011

AVALIAÇÃO: SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS

EMEF MARIO QUINTANA


AVALIAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Nome: ______________________________________ Turma: _______________

Data: __________________________ Prof(a): Michele M. Fernandes



Leia o texto abaixo com atenção e responda as questões que seguem:

Dona-de-casa

Carine Vargas



Sol.

Bom dia, dentes, filhos, uniforme,

merenda, café, carro, escola, carro, supermercado,

carne, pão, banana, refrigerante, alface, cebola, tomate. Carro,

casa, cama, lençol, travesseiro, colcha, roupa, lavanderia, máquina, sabão, sala,

almofada, pano, pó, cortina, tapete, feiticeira. Banheiro, descarga, balde, água,

desinfetante, toalha molhada, lavanderia, arame, prendedor. Cozinha, pia,

tábua, faca, panela, fogão, bife, arroz, molho, feijão, salada, mesa, toalha,

pratos, talheres, copos, guardanapos, carro, escola, filhos, carro, almoço, mesa,

pia, louça, armário, fogão, piso. Televisão, jornal, filhos, tema, lanche, leite,

Nescau, pão, margarina, banana, louça, pia, armário. Carro, filhos, natação,

futebol, mensalidade, espera, revista, filhos, carro, casa. Vizinha, conversa

rápida, lavanderia, arame, roupas, agulha, linha, camisa, calça, ferro de passar.

Janta, marido, filhos, sala, televisão, família reunida, dinheiro, discussão,

cozinha, mesa, louça, pia, armário. Filhos, sono, escova, creme dental, cama,

beijo, durmam com os anjos. Portas chaveadas, janelas fechadas,

banho, sabonete, água, toalha, creme no corpo, camisola,

renda, escova, cabelo, perfume, dentes limpos,

cama, marido, sexo, sono, boa noite,

Lua.



1 – O texto “Dona-de-casa”, assim como o texto “Circuito fechado” estudado em nossas aulas, é composto, em sua maioria, por que tipo de palavras? (Marque um X na resposta correta)

( ) Adjetivos        ( ) Substantivos



2 – O texto está falando sobre o dia-a-dia de que pessoa?

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3 – Além da personagem citada na questão acima, que outros personagens podemos verificar no texto?

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4 – Reelabore o trecho da frase apresentada no texto, porém de forma completa. Faça como no exemplo abaixo:



a) filhos, uniforme, merenda, café, carro, escola – Ajudou seus filhos a vestirem o uniforme, arrumou suas merendas, tomou café e levou as crianças de carro até a escola.



b) Televisão, jornal, filhos, tema, lanche, leite – __________________________________________________________________

__________________________________________________________________



c) banho, sabonete, água, toalha, creme no corpo, camisola - __________________________________________________________________

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5 – Por que você acha que o texto começa com a palavra sol e termina com a palavra lua?

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6 – Com a leitura do texto, como podemos entender que é a vida de uma dona de casa?

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7- Imagine a dona de casa do texto e descreva-a com suas palavras. Você deverá utilizar em sua descrição, pelo menos, três adjetivos.

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8 – Identifique no texto a que palavra o adjetivo abaixo se refere:

a) rápida – ________________

b) reunida – __________________

c) fechadas – _________________

d) boa - _________________



9 – Retire do texto duas palavras iniciadas com letra maiúscula por motivos diferentes e explique porque ela está escrita assim.

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10 - No texto abaixo, algumas palavras estão grudadas a outras, quando deveriam estar separadas. Circule estas palavras no texto e reescreva-as no espaço abaixo corretamente.

NÃO ENTENDO PATAVINAS


Osportugueses, conta a história, tinham dificuldades ementender oque diziam osfrades franciscanos patavinos, isto é, originários de Pádua, em italiano Padova. Não entender patavina significa não entender nada.



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sábado, 25 de junho de 2011

ADOLESCÊNCIA E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Objetivos: Trabalhar com as divergências entre as gerações; debater sobre a família; lançar o olhar sobre si mesmo e sobre o outro; interpretar texto e histórias em quadrinhos; produzir texto; entender como se dá o processo de criação de HQs; produzir uma HQ.

Conteúdo: leitura, interpretação de texto, produção textual, conhecimento do processo de criação de HQ.

Métodos / Estratégias:

1º passo: Os alunos receberão como material impresso uma história (parcial) da Turma da Mônica Jovem a qual deverão ler para posterior discussão. A sugestão é que seja utilizada a historinha que segue abaixo:



 
Sugestões para reflexão sobre a história:

1) Você conhece esses personagens?

2) Qual o assunto dos quadrinhos?

3) Por que o pai de Cebolinha está bravo?

4) Você concorda que esse é um motivo para um pai ficar brabo?

5) Você acha que o uso de computador/ internet pode ser prejudicial?

6) Que argumentos Cebolinha usa para convencer seu pai a deixá-lo em paz?

7) Isso reflete algum outro problema na relação entre pai e filho?

8) Você acha que a televisão atrapalha os diálogos familiares?

9) Como você considera sua relação com seus pais?

10) Vocês já pensaram em como é para seus pais vê-los crescer?

2º passo: Após uma larga discussão, espera-se respostas e, então, se apresenta o texto "Antes que eles cresçam" como sendo o relato de um pai que desabafa o fato de ver seus filhos crescendo.

A leitura será feita em grupo e com paradas sempre que necessário para a professora explicar trechos de maior dificuldade ou para contextualizar algum fato. A seguir serão propostas as seguintes:

1) Localizar no dicionário as palavras desconhecidas (se necessário, buscar na biblioteca)

2) Identificar palavras com dificuldades ortográficas.

3) Debate: pai X filho – Nesse debate, um grupo deverá defender as questões trazidas no texto conforme os problemas relatados pelo autor, e o outro grupo defenderá o filho adolescente. A discussão terá o formato de a- apresentação de argumento; b- réplica; c- tréplica e assim por diante enquanto houver argumentos. A professora definirá se o argumento é válido ou fraco. Cada grupo que der a última argumentação válida ganhará um ponto e, ao final, o grupo vencedor receberá uma nota positiva em expressão oral.

4) Produção textual: Escreva um texto falando como você se vê enquanto adolescente, quais as mudanças ocorridas na sua vida, como você percebe que está crescendo e como é seu relacionamento com seus pais. Seu texto deve conter 1 palavra do exercício 1 e uma palavra do exercício 2, que devem ser sublinhadas.

3º passo:

Os alunos, primeiramente, serão convidados a desenvolver em dupla o esboço de uma história em quadrinhos tendo como personagens os da Turma da Mônica e como assunto sua relação com os pais.


Para ajudar a conhecer os procedimentos adequados, o professor colocará no quadro os seguintes passos para a construção de HQs.

                        Elementos Fundamentais na Construção de Histórias em Quadrinhos


1. Argumento: a idéia da trama de forma resumida com início, meio e fim.

2. Escaleta: é a organização de todas as cenas a serem criadas de maneira que sustente a HQ, seguindo uma ordem, bem como uma descrição ligeira.

3. Roteiro: Todas as cenas com cenários, diálogos, apresentação de personagens, desenvolvimento do enredo, os dramas e a finalização.

4. Traço: definição do estilo de desenho a ser utilizado, bem como a tonalidade de luz e cor, juntamente com a densidade.

5. Formato: Estabeleça o número de páginas, visto que tal procedimento indicará o ritmo da narrativa.

6. Distribuição do espaço gráfico/croquis: define o formato da HQ, através de rabiscos da história, reservando espaço para os diálogos e legendas.

7. O lápis: utilizado para o desenhista demonstrar seu traço com maior definição. Um desenho bem feito a lápis é considerado como bom andamento na construção das Hqs.

8. Arte -final: é a fase de acabamento que vai desde o traço das tintas até o momento de dar cor às ilustrações.

9. Lettering: termo originado da língua inglesa, refere-se ao momento de editar o texto.

10. Capa: considerado como uma das principais forma de chamar atenção do leitor deve ser extremamente planejada.

11. Contracapas: Apresenta créditos e textos adicionais.

12. Revisão geral de texto e imagens: fundamental para evitar deslizes freqüentes encontrados em HQ.

13. Prova Gráfica: Momento de conferir se tudo está representado no papel, conforme foi solicitado.

14. Impressão: Quando voltado para produção comercial é estabelecido um orçamento, cronograma e previsão de tiragem que são pré-estabelecidos pela editora responsável pelos direitos de publicação.

15. Distribuição: Irá depender de um acordo entre as grandes empresas do ramo.

Fonte: http://www.educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/como-construir-historia-quadrinhos-com-os-alunos.htm

Deverá ficar claro que nem todo processo poderá ser feito pelas crianças, mas deverão buscar seguir esses passos até o de número 6.

4º passo: Em seguida, os alunos serão levados ao laboratório de informática, onde serão convidados a conhecer o site Máquina de Quadrinhos, onde, ainda em duplas, desenvolverão sua história e a publicarão.

Material: Texto impresso (anexo), história em quadrinhos impressa, dicionário, quadro-negro, lápis e caderno, papel sulfite, lápis de cor e laboratório de informática.

Avaliação: Pelo decorrer das atividades, a professora poderá avaliar o nível de dificuldade em que se encontra a turma nas diferentes áreas atingidas pela atividade, a fim de que possa criar novas atividades que facilitem o desenvolvimento da turma. Além disso, a produção textual servirá de raio-X para se verificar questões de coesão, coerência, estrutura frasal, estrutura textual, ortografia, pontuação e adequação semântica. Além disso, site Máquina de Quadrinhos será possível deixar a opinião, de forma que cada aluno poderá registrar seu comentário sobre o trabalho do colega.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

BRASILEIROS


“A leitora Elza Marques Martins me escreve uma carta divertida estranhando que “brasileiro” seja o único adjetivo pátrio terminado em “eiro”, que, segundo ela, é um sufixo pouco nobre. Existem suecos, ingleses e brasileiros, como existem médicos, terapeutas e curandeiros. As profissões de lixeiro, coveiro e carcereiro podem ser respeitáveis, mas o “eiro” é sinal de que elas não têm status. É a diferença entre jornalista e jornaleiro, entre músico ou musicista e roqueiro, timbaleiro ou seresteiro. Há o importador e o muambeiro. “Se você começou como padeiro, açougueiro ou carvoeiro” — escreve Elza — “as chances são mínimas de acabar como advogado, empresário, grande investidor ou latifundiário, a não ser que se dê ao trabalho político antes”. Aliás, há políticos e politiqueiros. Continua Elza: “Eu nunca vou chegar a colunável ou socialite se comecei como faxineira ou copeira. Você pode ser católico, protestante, maometano, budista ou oportunista ou então macumbeiro.” Mas a leitora nota que o dono do banco é banqueiro, enquanto o funcionário é bancário, o que pode ser um julgamento inconsciente de caráter feito pela língua.


Elza — que por sinal se considerava uma harpeira até começar a tocar numa sinfônica e virar harpista — me sugere uma campanha nacional para passarmos a nos chamar de “brasilinos, brasileses, brasilenses, brasilianos, brasilitanos, brasilitas, brasileus, brasilotos ou brasilões”, o que aumentaria muito nossa auto-estima e nossas chances de chegar ao mundo maravilhoso dos americanos, belgas e monegascos.”

Luís Fernando Veríssimo. Jornal do Brasil, 7 de outubro de 1995

domingo, 8 de maio de 2011

POLÍTICOS

POLÍTICOS ANTES DA POSSE


Nosso partido cumpre o que promete.

Só os tolos podem crer que

não lutaremos contra a corrupção.

Porque, se há algo certo para nós, é que

a honestidade e a transparência são fundamentais.

para alcançar nossos ideais

Mostraremos que é grande estupidez crer que

as máfias continuarão no governo, como sempre.

Asseguramos sem dúvida que

a justiça social será o alvo de nossa ação.

Apesar disso, há idiotas que imaginam que

se possa governar com as manchas da velha política.

Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que

se termine com os marajás e as negociatas.

Não permitiremos de nenhum modo que

nossas crianças morram de fome.

Cumpriremos nossos propósitos mesmo que

os recursos econômicos do país se esgotem.

Exerceremos o poder até que

Compreendam que

Somos a nova política.


(Autor desconhecido)



DEPOIS DA POSSE:


Basta ler o texto de baixo para cima, frase a frase

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Pode-se afirmar que a violência nas escolas tem afetado o cotidiano de alunos, professores e funcionários, de diferentes formas e práticas. Ela é manifestada em brigas, discriminações, indisciplinas, desrespeitos, humilhações, vandalismos, agressões físicas e verbais...


Há uma ausência de clareza nos papéis da direção e equipe pedagógica. Entre estes, é visível um empurra-empurra de funções e atitudes. Na Escola, o único que tem um papel claramente definido é o professor. Na sua ausência, por qualquer motivo, pelo menor tempo, todos sentem sua falta, e, se o professor não fizer seu trabalho eficientemente, certamente o resultado será notório.

A violência escolar é notada diariamente no comportamento do educando, na sua insatisfação pelo que a escola lhe oferece: professores esgotados, escola mal equipada, objetos ultrapassados e quebrados, ambiente inadequado, o menor movimento do aluno numa carteira provoca um barulho muito alto. Os alunos ficam irritados uns com outros estressados com o aperto, com o barulho externo e interno, com o calor e outros fatores não descritos

O ambiente escolar é insensível com as necessidades do educando e dos profissionais que ali trabalham. Quando o local e as condições de trabalho não valorizam nem estimulam educando e profissionais da educação, torna-se desumano.

O que se percebe é que a progressão da violência escolar esbarra em leis que impedem a ação dos professores, direção e equipe pedagógica, deixando-os em situações de conflito e humilhantes, dificultando a solução dos problemas.

A escola deixou de mandar, porque as leis que protegem o menor não são claras a ponto de esclarecer sobre seus deveres. No ambiente escolar está acontecendo uma enorme e desastrosa inversão de valores. Isso gerou uma certa rebeldia. “Ninguém obedece aquele que acha que menos.¹”. Atualmente é o aluno quem dita as regras. O professor, para impor sua autoridade precisa vencer o aluno no grito, porque não tem nenhuma forma de exercer seu papel de educar, a não ser depois de saturado de sofrer humilhações. E aí tem que relatar o problema para o Diretor ou para o Pedagogo a fim de o problema seja encaminhado para que haja uma solução, que pode levar muitos dias para acontecer. Se isso se acontecer com freqüência, o professor corre o risco de ser julgado como "sem domínio" ou como "incompetente".

Não se trata de saudosismo, mas se observa que a autoridade do diretor e dos professores foi relegada. O aluno acostumou-se a uma rotina de indisciplina e violência por que tem consciência disso. Apenas quando essas situações de conflito e esgotantes ficam insustentáveis, é que se buscam meios de resolvê-las fora da escola. Os problemas que estão dentro da escola, são levados para fora dela, afim de que seja solucionados por alguém que está alheio, que não vivenciou os acontecimentos.

A escola é semelhante a um cristal que depois de quebrado, nem a melhor das colas consegue esconder sua ruptura. Quando o aluno se vê sendo encaminhado para uma autoridade fora da escola só pode pensar que as pessoas que ali estão desempenhando o papel de educar são incapazes de fazê-lo. Quem fica com as marcas é o aluno. Enquanto esse problema não se resolve, a escola fica com a obrigação de procurar uma solução.



Grupo de Estudos - Paulistania


¹Cícero Batista de Souza

PAIS MAUS

Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a

lóica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes:


Eu os amei o suficiente para ter perguntado: "Onde vão, com quem vão e a que horas regressarão".

Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio, e fazer com que eles soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia. Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé duas horas junto deles, enquanto limpavam o quarto: tarefa que eu teria feito em 15 minutos.

Eu os amei o suficiente para deixá-los ver além do amor que eu sentia por eles, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.

Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu sabia que poderiam me odiar por isso - e em alguns momentos até me odiaram.

Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.

Um dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva os pais e as mães, meus filhos vão lhes dizer, quando eles lhes perguntarem se a sua mãe era má: "Sim... Nossa mãe era má! Era a mãe mais má do mundo..."As outras crianças bebiam refrigerantes, comiam batatas fritas e sorvete no almoço, e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.

Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora - tocava nosso celular de madrugada. Era quase uma prisão; mamãe tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que eles faziam.

Ela insistia sempre conosco para lhe dizermos a verdade, e apenas a verdade.

E quando éramos adolescentes, ela até conseguia ler nossos pensamentos.

Enquanto todos podiam voltar tarde à noite com12, 13 anos, nós tivemos de esperar pelos 16 para chegar mais tarde, e aquela "chata" levantava para saber se a festa foi boa - só para ver como estávamos ao voltar.

Por causa de mãe, nós perdemos algumas experiências da adolescência. Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.

Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o nosso melhor para sermos "Pais Maus", tal como a nossa mãe foi.



Marice Piffer

Disponível em:http://simplesmenteportugues.blogspot.com/2009/04/belo-texto-para-o-dia-das-maes-pais.html

quinta-feira, 5 de maio de 2011

BIOGRAFIA DE OSAMA BIN LADEN: ELE ESTÁ MORTO, O TERRORISMO NÃO!

Vamos discutir em sala de aula a morte de Osama Bin Laden? Refletir sobre o que é o terrorismo, como acontece, onde acontecem as principais ações terroristas do mundo. Organizar uma boa aula de geografia, analisando os conflitos existentes no oriente médio, fazer uma retrospectiva dos acontecimentos históricos envolvendo Bin Laden. E claro, atualizar a classe, sobre os acontecimentos mundiais, pois em todas as redes sociais, Bin Laden, aparece, seja em foto, vídeo, charge, e-mail, notificação de vírus e etc. Vale ressaltar que, precisamos discutir e refletir sobre as ações políticas de um Estado.Os Estados Unidos, queria a prisão de Bin Laden por vários motivos. A morte de Bin Laden representa hoje para a sociedade, o que mesmo? Não somos a favor da violência nem do terrorismo. Bin Laden deveria permanecer vivo para ser julgado como manda a lei.Como manda a lei de que sociedade? Aproveite o assunto e boa discussão!!!




No ano de 1957, aconteceu o nascimento de mais um dos filhos do milionário da construção civil saudita Mohammed Bin Laden. Usamah Bin Muhammad Bin Àwad Bin Landi era o décimo sétimo filho de uma prole extensa que vivia entre as mais abastadas famílias da Arábia Saudita. Usamah poderia ter sido mais um dos desconhecidos magnatas orientais que passavam a vida ostentando sua própria riqueza. No entanto, outros caminhos foram trilhados por aquele jovem que passou a ser conhecido como Osama Bin Laden.

Durante a infância, o pequeno Osama viveu cercado pela criadagem e dificilmente esteve na companhia de sua mãe. Os irmãos costumavam rejeitá-lo e o pai impunha uma educação severa voltada para a formação de uma prole de homens determinados. Aos dez anos de idade, Bin Laden perdeu o pai e foi obrigado a viver com uma mãe que pouco conhecia. No início dos anos de 1970, foi mandado para o Líbano para completar o ensino médio.

Fora das restrições dos parentes, Osama viveu uma fase cercada de libertinagens regadas a uísque, carros luxuosos, boates e prostitutas. Com o estouro da guerra civil no Líbano, foi obrigado a retornar para a Arábia Saudita onde ingressou no curso de Engenharia da Universidade de King Abdul. De acordo com alguns de seus biógrafos, Bin Laden arrependeu-se profundamente das aventuras no Líbano e, por isso, passou a estudar fervorosamente os valores da religião muçulmana.

Nos cursos religiosos que frequentou teve a oportunidade de conhecer Abdullah Azzam, um dos mentores da organização terrorista Al Quaeda. Nessa época, Azzam sugeriu que seu jovem aluno conhecesse os líderes muçulmanos que resistiam contra a invasão soviética ao Afeganistão. Ao ver o fervor religioso daqueles que se empenhavam contra a ação comunista, Osama Bin Laden convenceu-se de que deveria participar ativamente da guerrilha religiosa muçulmana.

Guarnecido pela imensa fortuna deixada pelo pai, Bin Laden começou a dedicar altas quantias ao financiamento dos guerrilheiros afegãos. Entre outros feitos, Bin Laden construiu alguns campos de treinamento militar destinados à preparação de novos guerrilheiros muçulmanos. Esses campos ganharam o nome de Al Qaeda, que em árabe significa “a base”. Em 1989, com o fim dos conflitos afegãos, Osama Bin Laden retornou para a Arábia Saudita, mas não interrompeu suas atividades.

Dois anos mais tarde, com a invasão de Sadam Hussein ao Kuwait, Bin Laden tentou se aproximar do rei saudita para que fosse responsável pela proteção militar do país. Seu gesto voluntarioso, manifestado em uma carta, foi discretamente rejeitado pelas autoridades de seu país que preferiram se aliar aos Estados Unidos. Inconformado, Osama resolveu aproximar-se dos diversos líderes fundamentalistas espalhados pela Arábia Saudita.

O apoio dado pelas lideranças religiosas radicais foi suficiente para que uma multidão de mais de quatro mil muçulmanos participassem da “guerra santa” de Bin Laden. Seu grupo terrorista se disseminou em países vizinhos e a base de ação militar-religiosa foi consolidada no Sudão. Após o fim da Guerra do Golfo, a primeira rixa com os Estados Unidos ganhou forma, já que a superpotência – apoiada pelo governo nacional – fixou bases militares na Arábia Saudita.

No dia 29 de dezembro de 1992, o Gold Minor Hotel sofreu um atentado a bomba por supostamente abrigar um grupo militar norte-americano. A ação foi bem sucedida, mas não foi suficiente para encerrar a fúria contra o imperialismo do Tio Sam. Um ano mais tarde, Ramzi Yousef – terrorista ligado à Osama Bin Laden – explodiu uma bomba no World Trade Center, fazendo seis vítimas fatais. Pressionado politicamente, o governo saudita cancelou a cidadania de Bin Laden.

Inconformado com aquele gesto de subserviência política, Osama respondeu com um carro-bomba que foi pelos ares na cidade de Riad, capital da Arábia Saudita. Logo em seguida, o Sudão se viu obrigado a enxotar o terrorista de suas fronteiras. Mais uma vez enfurecido pelo poder de intervenção norte-americano, Bin Laden mudou-se para o Afeganistão e divulgou uma declaração de guerra contra os Estados Unidos da América.

A ida para o território afegão caiu como uma luva para os interesses de Bin Laden. O país era politicamente controlado pelos talibãs, grupo radical islâmico que via com bons olhos a ação terrorista de Osama. A recepção amistosa do governo afegão foi retribuída com um vultoso suporte financeiro e a criação de forças paramilitares fiéis ao regime. A essa altura, os serviços de inteligência dos Estados Unidos e de outras nações árabes começaram a caçada contra Osama Bin Laden.

Enquanto isso, o bem articulado terrorista planejou dois atentados terroristas contra o seu inimigo número um. Em 1998, as embaixadas norte-americanas do Quênia e da Tanzânia sofreram com os atentados a bomba de Bin Laden. Em reposta, as poderosas forças militares estadunidenses bombardearam um dos campos de treinamento de Osama. Entretanto, a tentativa de retaliação não teve efeito, pois o centro terrorista estava praticamente desativado.

Depois disso, Osama Bin Laden resolveu dar prosseguimento a um ambicioso plano que buscava atacar importantes alvos no interior dos territórios norte-americanos. Gastando quase meio milhão de dólares para o recrutamento de um grupo de quinze terroristas, a Al Qaeda comandou o maior ataque terrorista já observado no mundo. No dia 11 de setembro de 2001, dois aviões civis foram sequestrados e lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center, um dos símbolos da supremacia econômica dos EUA.

O maior atentado de todos os tempos foi noticiado em tempo real por diversas redes de comunicação do mundo e Osama Bin Laden passou a ser o homem mais procurado do planeta. A partir de então, as grandes potências capitalistas passaram a encabeçar uma guerra contra um inimigo que não tem forma, nem lugar: o terrorismo.

No dia 1 de maio de 2011, um comando especializado da Marinha dos Estados Unidos capturou Osama Bin Laden na cidade de Abbottabad, próximo a Islamabad, capital do Paquistão. Barack Obama, atual presidente dos EUA, anunciou que Bin Laden foi morto com um tiro na cabeça. Porém, não foram divulgadas imagens detalhadas da operação e nem do corpo de Bin Laden.


Por Rainer Sousa

Graduado em História

Equipe Brasil Escola



Fonte:  http://www.brasilescola.com/historia/osama-bin-laden.htm

sábado, 30 de abril de 2011

QUAIS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA FORAM INCORPORADAS PELO INGLÊS?

Muitos termos referentes à cultura e culinária brasileiras já constam dos dicionários em inglês

                                                                                                                   Renata Costa

Muitas palavras originais do inglês foram incorporadas à língua portuguesa, mas o caminho oposto também acontece. Algumas delas já foram definitivamente aceitas no dicionário. Um indicativo disso é a nova edição do Oxford English Dictionary, lançada este ano. É o caso do guarana, assim, sem acento; várzea, definida como a inundação quando o rio sobe; feijoada; feijão; umbanda; fetiche, de feitiço; e lambada. Esta última, com sentido de "agitação".

Outras estão em teste, o que o dicionário define como “draft entry” (algo como “entrada rascunho”), como farofa, telenovela, caipirinha, caipirosca, cachaça, açaí, churrasco e capoeira, entre outras.

Há uma característica interessante na migração de palavras de um idioma a outro. “As palavras brasileiras importadas pelo inglês são sempre relacionadas a traços da nossa culinária e cultura”, explica Vívian Cristina Rio, linguista e consultora do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC). Já muitos vocábulos de língua inglesa incorporadas no português têm, por outro lado, relação com negócios e tecnologia, os famosos jargões.

É interessante observar que todas as palavras “brasileiras” adotadas em inglês são velhas conhecidas nossas, não são invenções novas. A linguista explica que isso indica que o Brasil e sua cultura estão sendo mais difundidos lá fora. “Os dicionários pegam as palavras nos principais veículos de comunicação e outras referências escritas em inglês. Então, isso quer dizer que nos últimos anos tem crescido o número de reportagens e referências ao Brasil no exterior”, explica a linguista.



01/10/2009

SINAIS DE PONTUAÇÃO

Pontos de Vista

Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português quando estourou a discussão.
— Esta história já começou com um erro — disse a Vírgula.
— Ora, por quê? — perguntou o Ponto de Interrogação.
— Deveriam me colocar antes da palavra "quando" — respondeu a Vírgula.
— Concordo! — disse o Ponto de Exclamação. — O certo seria:
"Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão".
— Viram como eu sou importante? — disse a Vírgula.
— E eu também — comentou o Travessão. — Eu logo apareci para o leitor saber que você estava falando.
— E nós? — protestaram as Aspas. — Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste diálogo.
— O mesmo digo eu — comentou o Dois-Pontos. — Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.
— Estamos todos a serviço da boa escrita! — disse o Ponto de Exclamação. — Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!
— Às vezes podemos alterar todo o sentido de uma frase — disseram as Reticências. — Ou dar margem para outras interpretações...
— É verdade — disse o Ponto. — Uma pontuação errada muda tudo.
— Se eu aparecer depois da frase "a guerra começou" — disse o Ponto de Interrogação — é apenas uma pergunta, certo?
— Mas se eu aparecer no seu lugar — disse o Ponto de Exclamação — é uma certeza: "A guerra começou!"
— Olha nós aí de novo — disseram as Aspas.
— Pois eu estou presente desde o comecinho — disse o Travessão.
— Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta um Ponto, nem uma Vírgula, é preciso os dois — disse o Ponto e Vírgula. — E aí entro eu.
— O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz — disse a Vírgula.
— Então, que nos usem direito! — disse o Ponto Final. E pôs fim à discussão.
Conto de João Anzanello Carrascoza, ilustrado por Will.

Revista Nova Escola - Edição Nº 165 - Setembro de 2003

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Desordem no Tribunal

Advogado : Qual é a data do seu aniversário?


Testemunha: 15 de julho.

Advogado : Que ano?

Testemunha: Todo ano.

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Advogado : Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?

Testemunha: Sim.

Advogado : E de que modo ela afeta sua memória?

Testemunha: Eu esqueço das coisas.

Advogado : Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?

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Advogado : Que idade tem seu filho?

Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.

Advogado : Há quanto tempo ele mora com você?

Testemunha: Há 45 anos.

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Advogado : Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?

Testemunha: Ele disse, 'Onde estou, Bete?'

Advogado : E por que você se aborreceu?

Testemunha: Meu nome é Célia.

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Advogado : Seu filho mais novo, o de 20 anos....

Testemunha: Sim.

Advogado : Que idade ele tem?

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Advogado : Sobre esta foto sua... o senhor estava presente quando ela foi tirada?

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Advogado : Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?

Testemunha: Sim, foi.

Advogado : E o que você estava fazendo nesse dia?

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Advogado : Ela tinha 3 filhos, certo?

Testemunha: Certo.

Advogado : Quantos meninos?

Testemunha: Nenhum

Advogado : E quantas eram meninas?

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Advogado : Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?

Testemunha: Por morte do cônjuge.

Advogado : E por morte de que cônjuge ele acabou?

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Advogado : Poderia descrever o suspeito?

Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.

Advogado : E era um homem ou uma mulher?

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Advogado : Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas?

Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas...

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Advogado : Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?

Testemunha: Oral..

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Advogado : Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?

Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20:30 h.

Advogado : E o sr. Décio já estava morto a essa hora?

Testemunha: Não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.

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Advogado : O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?

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Advogado : Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?

Testemunha: Não.

Advogado : O senhor checou a pressão arterial?

Testemunha: Não.

Advogado : O senhor checou a respiração?

Testemunha: Não.

Advogado : Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?

Testemunha: Não.

Advogado : Como o senhor pode ter essa certeza?

Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.

Advogado : Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?

Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar !!!


Essas pérolas foram retiradas do livro "Desordem no Tribunal", de Charles M. Sevilla. Recebi por e-mail e achei muito interessante para refletir sobre interpretação e sentidos que se formam a partir do contexto, mesmo não estando inseridos com todas as letras no texto. Por exemplo: não é preciso dizer que uma pessoa está morta, o simples fato de se saber que sofreu uma autópsia, já indica esse fato.

domingo, 17 de abril de 2011

SUBSTANTIVOS: COMPREENSÃO, IDENTIFICAÇÃO E USO

Objetivos: Construir um conceito para substantivos, saber suas classificações, identificá-los em textos e aplicá-los conscientemente em suas produções textuais.
Conteúdo: Substantivos.
Metodologia/ estratégias:

1ª aula: Entregue aos alunos uma pequena folha que conterá um item a partir do qual o aluno deverá criar 6 palavras. Os itens devem ser os que seguem abaixo, de forma que cada item fique com um aluno e itens repetidos fiquem com alunos que sentem distantes. 

1- Nomes de atores preferidos
2- Nomes de lugares que conheço
3- Nomes de animais
4- Nomes dos sentimentos que me fazem chorar
5- Nomes de emoções que gosto de sentir
6- Nomes de ações que gosto de praticar
7- Nomes de profissões
8- Nomes de palavras que posso formar a partir da palavra “flor” (ex. floreira)
9- Nomes de palavras formadas por duas outras palavras (ex.: guarda-chuva)
10- Nomes de frutas favoritas
11- Nomes de esportes que pratico
12- Nomes de objetos que tenho em casa

Repare que cada um deles vai gerar listas de substantivos de diferentes classificações.

Dê cerca de 10 a 15 minutos para que os alunos completem suas listas recebidas. O professor deverá preencher os itens no quadro, deixando espaço para preencher as palavras. Os alunos deverão explanar seis resultados, enquanto o professor coloca no quadro, buscando orientar para que todas as palavras sejam substantivos. Assim, se por exemplo em "Nome de ações que gosto de praticar" os aluno disser "dançar", deve ser indicado que o NOME da ação é "dança". Após o preenchmento, o professor deve conduzir sua aula de modo que os alunos percebam que por mais diferentes que possam parecer aquelas palavras elas têm algo em comum: servem para dar nomes às coisas. Chegando a essa conclusão, o professor explica que se tratam de substantivos e registra um conceito, preferencialmente, aproveitando as contribuições dos alunos. Para completar, deve-se salientar e registrar os diferentes tipos de substantivos, utilizando-se os exemplos levantados pelos alunos.

2ª aula: Leitura do texto “Circuito Fechado”. Em seguida o professor deverá fazer perguntas para serem respondidas oralmente, como as abaixo:


- Este texto possui algum substantivo? (R.: Sim, todas as palavras são substantivos)
 praticamente
- Alguém poderá dar algum exemplo de substantivo retirado do texto? (Qualquer exemplo do texto estará correto, exceto conetivos e preposições)

- Leia um trecho e pergunte: será que esse texto é formado por substantivos em quase sua totalidade?

- Isso é possível? Conseguimos nos comunicar só com substantivos? (Se a resposta for sim, faça com que argumentem essa ideia; se a resposta for não, pergunte se eles não entenderam nada do texto, leia um trecho e explique, se necessário)

A partir daí o texto deve ser esmiuçado através da leitura e da demonstração de como, se seguirmos uma linha de raciocínio, podemos compreender o seu sentido.

                                                           Circuito Fechado


                                                                                             Ricardo Ramos

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Leia, após distribuir material impresso a poesia abaixo:


A Pesca


                                                   Affonso Ramos de Sant'Anna

o anil
o anzol
o azul

o silêncio
o tempo
o peixe

a agulha
vertical
mergulha

a água
a linha
a espuma

o tempo
a âncora
o peixe

a boca
o arranco
o rasgão

aberta a água
aberta a chaga
aberto o anzol

aquelíneo
ágilclaro
estabanado

o peixe
a areia
o sol

Os alunos devem fazer a leitura do poema, buscando compreender seu sentido como no texto anterior com a ajuda do professor. É interessante que aqui o professor ressalte que o sbstantivo normalmente é acompanhado por um artigo.

Por fim, desafie-os a construir seu próprio texto formado por substantivos, podendo ser em forma de poema como o texto anterior.

Recursos: Listas de itens, quadro, caderno, lápis, textos impressos.

Avaliação: O professor deverá avaliar se os alunos consegam construir um conceito para substantivo,  identificá-los no texto e contruir um texto que apresente o substantivo como classe gramatical predominante.

sábado, 16 de abril de 2011

VIDA DE PAPEL

Estava sossegado no meu canto, quando o homem me abriu e me encheu de pipocas. Sem a menor cerimônia, uma mulher me pegou e foi me levando.


Ela comia as pipocas com olhos, boca e dentes de muita fome.

Quando acabou, meteu a boca dentro de mim, soprou um grande sopro e eu comecei a estufar, estufar... Bum!!! Tudo chacoalhou! Um terremoto?

Não era, não! A rua continuava no mesmo lugar, com as pessoas apressadas, as buzinas tocando... Tudo nervoso, mas normal.

A mulher deu uma gargalhada e sem mais nem menos me deixou cair ali, no meio da rua!

Mal tinha me levantado, quando veio um carro a toda velocidade pra cima de mim! Só me livrei daquele amasso achatante porque uma ventania me empurrou pra calçada.

Vi um guri esquisito vindo pro meu lado.Ele começou a me chutar, sem a menor consideração. Logo eu, que não tinha feito nada! Fui rolando rua abaixo até que ele resolveu seguir em frente, sozinho. Foi embora sem nem dizer um “muito obrigado” ou “desculpe o mal jeito”.

Fui, assim, me desviando dos pés que ameaçavam me pisar, sem rumo nem destino, quando uma coisa peluda se aproximou. Foi me arrastando para uma pá e da pá eu caí em uma lata. Lá dentro estava cheio de coisas.

A casca de laranja, cheirosa como sempre, foi logo me entrelaçando em um abraço. Um papel amassado e sujo disse pra eu não me envergonhar por ter ficado meio amarrotado.Estava entre amigos e senti que ali era o meu lugar.Um botãozinho quebrado contou que tinha caído da blusa de uma dona em um elevador. Quase se perdeu em um tapete felpudo.Foi um aspirador que o salvou. Mas, todo agitado, o botão disse que a melhor aventura vem agora: uma longa viagem nos esperava!

Ele estava certo. À noitinha, um caminhão bem “maneiro” me levou com minha turma. Demos adeus à amiga casca, ao bagaço de milho e à paçoquinha embolorada.

Encontramos garrafas, outros papéis, latinhas charmosas e vidros bons de papo.Fomos parar em um lugar grande, com esteiras e máquinas.Fiquei tão amigo de uns papéis, que, inseparáveis, fomos unidos pela máquina. E a melhor das surpresas: tudo aquilo estava ali só pra nos embelezar e nos deixar úteis de novo.

Virei folha de caderno, junto com os meus amigos! Nunca tinha imaginado que era tão importante pra ter um tratamento tão especial como esse!

Das prateleiras de uma loja fomos parar nas mãos de um garoto. Éramos brancos, mas ele desenhou uma árvore cheia de flores e frutos coloridos em cima da gente. Nos arrancou do caderno e nos pregou numa parede. Estamos em uma sala onde sempre há crianças. Até hoje elas se aproximam e ficam nos admirando. Vocês podem acreditar nisso?!

De saquinho de pipoca a vida de artista!

Como sou feliz!

Rosana Skronski

CRIANÇAS VÊEM, CRIANÇAS FAZEM

CACHORRO VELHO

Uma velha senhora foi para um safári na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço. O cachorro velho pensa:


-”Oh, oh! Estou mesmo enrascado !” Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador … Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:

- Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí?

Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.

- Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase me pega!

Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum…

E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Entrementes, o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:

-Aí tem coisa!

O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo furioso por ter sido feito de bobo, e diz: -’Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!’

Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:

- E agora, o que é que eu posso fazer?

Em vez de correr ( sabe que suas pernas doídas não o levariam longe…) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:

- Cadê o filha da puta daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e não chega nunca!

Disponível em: http://estereotipos.net/2008/03/05/cachorro-velho/ (acesso em: 16/04/2011)

SEM NOME

Numa sorveteria de Porto Alegre, faltou plaquinha para nomear um sorvete.


São quarenta sabores, somente um desprovido de batismo. Todo mundo que é atendido fica curioso com aquele pote no canto, anônimo. Vi gente coçar a barba, o cabelo, o umbigo diante do mistério gelado. Como se fosse um enigma. Uma rua ainda não pavimentada pela boca, infantil, em que as crianças jogam bola de uma garagem a outra sem se preocupar com a movimentação dos carros.

É mortal: das duas ou três bolinhas escolhidas, uma delas é justamente o sem nome, agora Sem Nome, pois de tanto ser chamado de Sem Nome acabou sendo esse o seu nome. Chocolate com amêndoas, pistache, morango e crocante; os gostos tradicionais foram superados na lista dos pedidos. O Sem Nome é o que mais sai, justamente porque ninguém sabe ao certo o que está lambendo e há o temor de perguntar do que se trata. O receio de esgotar o segredo e frustrar a brincadeira de cabra-cega.

O mesmo acontece com o amor. Quando não se entende o que se sente é a melhor parte. O trecho da paixão, a vontade de se aproximar sem pensar. A vontade de se encontrar para permanecer mudo. A vontade de telefonar para não dizer coisa alguma, apenas respirar ofegante e gemer diante do aparelho como operador do telessexo. Os namorados se beijam loucamente nem sempre para beijar, e sim para não ter que falar. As palavras são incômodas. A palavra destrói o amor, o beijo cura.

O amor também tem seu sorvete Sem Nome. E o que não será declarado apesar de longa convivência. É o que deveria ser dito no início, mas a ansiedade não deixou, o que deveria ser dito no final, mas já se tinha intimidade. Um tremor, um desespero alegre. Um apego pelo cheiro do pescoço. Um apelo pelo cheiro adocicado e selvagem do sexo no quarto. Um apego pelo cheiro dos travesseiros tomando sol na janela. Até um apego pelo cheiro de guardado do guarda-chuva, pelo cheiro de guardado do blusão na parte de cima do armário, pelo cheiro de guardado das lembranças.

O amor é o Sem Nome. Olhar para um filho aprendendo a escrever com uma das letras ao contrário e rir comovido daquele "E" caminhando na contramão da linha. E perguntar para a letra: "onde vais?" e não corrigir para segui-la.

A DR (Discutir a Relação), por exemplo, nunca tem fim. Não é para ter fim. Pois ninguém conseguirá aclarar por que se ama ou por que se deixa de amar. O casal pode varar madrugadas debatendo o comportamento, o que é certo e o que é errado, o que é justo ou injusto, só que não chegará a nenhuma conclusão. Chegar a nenhuma conclusão é o Sem Nome. As discussões terminam pelo cansaço ou pelo sexo. Não se encerram porque foram resolvidas, não se pode definir aquilo que é maior do que a própria vida. Duas vidas juntas são mais difíceis de serem resumidas. Não é como tese, que vem com uma sinopse na primeira página.

Recapitula-se o que se viveu e teremos uma seqüência desordenada de imagens, um videoclipe sem música. Entende-se o que se ama pela ausência de esclarecimento. O absoluto entendimento parte da confusão: será que estou ou não estou amando? Quanto mais confusos, mais intensos.

Enquanto não tivermos palavras para explicar, continuaremos amando. Por isso, deixo a bola de sorvete do Sem Nome ao fundo, para comer com a casquinha e fazer bastante barulho com os dentes."


Fabrício Carpinejar

Disponível em: http://missdogma.blogspot.com/2010/12/do-outro-lado-da-calcada.html (acesso em 16/04/2011)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PARA OS PAIS - OS 10 MANDAMENTOS DOS DEVERES DE CASA

1. Jamais faça a lição por seu filho ou permita que outros o façam (avós, empregada, irmão mais velho, amigo). Tenha clareza de que a lição é de seu filho e não sua, portanto, ele tem um compromisso e não você. Deixe-o fazendo a sua tarefa e vá fazer algo seu. Ele precisa sentir que o momento da tarefa é dele.

2. Organize um espaço e um horário apropriados para ele fazer as tarefas.

3. Troque idéias ou formule perguntas para ajudar no raciocínio, mas só se for requisitado. Não dê respostas, faça perguntas, provoque o raciocínio.

4. Oriente, a correção fica a cargo do professor. Importante: não vale apagar o erro de seu filho. Quem deve fazer isso é o professor. Aponte os erros (torne o erro construtivo).

5. Diga “tente novamente” diante da queixa. Refaça. Recomece. Caso seu filho perceba que errou, incentive-o a buscar o acerto ou uma nova resposta. Demonstre com exemplos que você costuma fazer isso. Nesse caso, valem os itens anteriores para reforçar este.

6. Torne o erro construtivo. Errar faz parte do processo de aprender (e de viver!). Converse, enfatizando a importância de reconhecermos os nossos erros e aprendermos com eles. Conte histórias que estão relacionadas a equívocos.

7. Lembre-se de que fazem parte das tarefas escolares duas etapas: as lições e o estudo para rever os conteúdos. As responsabilidades escolares não findam quando o aluno termina as lições de casa. Aprofundar e rever os conteúdos é fundamental.

8. Não misture as coisas. Lição e estudar são tarefas relacionadas à escola. Lavar a louça, arrumar o quarto e guardar os brinquedos são tarefas domésticas. Os dois são trabalhos, no entanto, de naturezas diferentes. Não vincule um trabalho ao outro, e só avalie as obrigações domésticas.

9. Não julgue a natureza, a dificuldade ou a relevância da tarefa de casa. A lição de casa faz parte de um processo que começou em sala de aula e deve terminar lá. Se você não entendeu ou não concordou, procure a escola e informe-se. Seu julgamento pode desmotivar seu filho e até mesmo despotencializar a professora e, conseqüentemente, a tarefa de casa e seus objetivos.

10. Demonstre que você confia em seu filho, respeita suas iniciativas e seus limites e conhece suas possibilidades. Crie um clima de camaradagem e consciência na família, mas não deixe de dar limites e ser rigoroso com os relapsos e irresponsabilidades.

Disponível em: http://professoraeliene.wordpress.com/2010/03/09/para-os-pais-10-mandamentos-do-dever-de-casa/#comment-24

CONVERSA ENTRE DUAS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI

- E aí, veio?
- Beleza, cara?
-  Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.
- Quer conversar sobre isso?
- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?
- Como assim?
- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?
- Nunca.
- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?
- Como assim, véio?
- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!
- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.
- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.
- Tipo o quê?
- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!
- Caramba! Mas por que ela fez isso?
- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.
- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.
- E sabe a Francisca ali da esquina?
- A Dona Chica? Sei sim.
- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.
- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.
- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe mesmo... Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.
- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.
- Mas é ruim saber que o casamento deles não está dando certo... Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele passar desfilando e tal.
- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.
- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo, ela disse que a vizinha cria perereca na gaiola... já viu...essa rua só tem doido...
- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?
- Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.



Autor desconhecido (recebido por e-mail)

sábado, 9 de abril de 2011

A GUERRA E O DESESPERO

As guerras tem aparentemente o fim de destruir o inimigo. O que elas conseguem afinal é destruir parte da humanidade – quando esta é atingida da psicose do suicídio. Isso não quer dizer que cada uma das partes se suicide pessoalmente. Nada de covardias. Para salvar as aparências cada uma delas suicida a outra. Seria ridículo atribuir qualquer idéia de expurgo à Natureza – com N maiúsculo. E, por outro lado, seria humor negro atribuí-lo a insondáveis desígnios da Divina Providência.



Deixemos as maiúsculas em paz. Agora, o último pretexto invocado é o das guerras ideológicas. Muito bonito! Mas quem foi que disse que se trata de idéias? Trata-se de convicções. As quais nada tem a ver com a lógica.


Eis um exemplo das convicções: eu sou gremista, tu és colorado. Ora, duvido que qualquer um de nós descubra alguma razão lógica para isso.


Agora, passando para um domínio mais amplo, universal, vamos procurar um exemplo das idéias.


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Esta linha de pontinhos quer dizer que ainda estou procurando. Em todo o caso, tenho que confessar que usar de idéias para examinar as guerras e as guerrilhas é recorrer a um instrumento inadequado – assim como quem se servisse de um microscópio para distinguir um rinoceronte que já vem vindo a toda pra cima da gente.


- E então, ó homo sapiens, que vais fazer nesta situação desesperada?


-Ora, alistar-me...Toda a opção é um ato de desespero.


Mário Quintana (A vaca e o hipógrafo)

MINHA ALMA (A PAZ QUE EU NÃO QUERO)

A minha alma tá armada e apontada


Para cara do sossego!

(Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!)

Pois paz sem voz, paz sem voz

Não é paz, é medo!

(Medo! Medo! Medo! Medo!)


As vezes eu falo com a vida,

As vezes é ela quem diz:


"Qual a paz que eu não quero conservar,

Prá tentar ser feliz?"


As grades do condomínio

São prá trazer proteção

Mas também trazem a dúvida

Se é você que tá nessa prisão


Me abrace e me dê um beijo,

Faça um filho comigo!

Mas não me deixe sentar na poltrona

No dia de domingo, domingo!


Procurando novas drogas de aluguel

Neste vídeo coagido...

É pela paz que eu não quero seguir admitindo


É pela paz que eu não quero seguir

É pela paz que eu não quero seguir

É pela paz que eu não quero seguir admitindo


Composição: Marcelo Yuca

O ÚLTIMO DISCURSO


Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.


Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Charles Chaplin em "O Grande Ditador"

MÚLTIPLAS ESCOLHAS

1) Você faz o vestibular. Você:


a) passa.

b) não passa.

2) Você passa no vestibular. Você:

a) comemora com colegas que também passaram, abraça todo mundo, grita, quando vê está pulando no mesmo lugar abraçado a uma menina que você nunca viu e que se chama Maria Cristina.

b) comemora com seus familiares, faz todo o seu curso sonhado de Engenharia, custa a arranjar emprego, finalmente se associa a um primo e abre uma lavanderia, casa, tem filhos, netos, uma vida razoável e morre de uma falha do coração artificial em 2044.

3) Você não passa no vestibular. Você:

a) pensa em se matar, pensa em se dedicar ao crime, finalmente decide fazer um curso técnico, torna-se líder sindical, depois entra na política, acaba sendo o segundo torneiro mecânico eleito presidente na História do Brasil.

b) tenta de novo, e de novo, e de novo e acaba casando com uma viúva rica que é, inclusive, dona de uma universidade.

4) A Maria Cristina lhe dá seu telefone. Você:

a) não liga para ela, nunca mais a vê, e sai desta história incólume.

b) liga para ela, e vocês combinam se encontrar, apesar do seu pressentimento de que aquele sinalzinho que ela tem perto do canto da boca não pode dar em boa coisa.

5) Você e a Maria Cristina se encontram, na casa dela. Ela:

a) está sozinha em casa.

b) está com o pai, a mãe, um irmão/armário, duas tias grandes e um pit bull e nada acontece.

6) Ela está sozinha em casa. Vocês:

a) se amam loucamente e juram que nunca mais vão se separar.

7) Vocês se amam loucamente e juram que nunca mais vão se separar. Você:

a) a pede em casamento, e ela aceita.

8) Você a pede em casamento e ela aceita. Você:

a) chega em casa com a notícia, a sua família não concorda, diz que aquilo é uma loucura, que vocês são muito jovens, que precisam pensar, que onde se viu, que não contem com o dinheiro deles, que você vai jogar a sua vida fora por um sinalzinho perto do canto da boca, que blablablá, e você sai dizendo que vai fugir com ela e pronto e bate a porta.

b) chega em casa com a notícia, que causa um escândalo, e você se convence que seria loucura mesmo, que o melhor é namorarem, os dois terminarem a faculdade, e no fim, se o amor ainda existir, pensarem no que fazer, e sua história também termina aqui.

9) Você a pede em casamento, ela diz que é melhor dar um tempo, você concorda, mas semanas depois ela diz que está grávida. Você:

a) casa com ela.

b) foge para Curitiba.

10) Você a pede em casamento, ela aceita, seus pais não aceitam, os pais dela não aceitam, você foge com ela. Você:

a) é obrigado a desistir de estudar e acaba vendendo artesanato na calçada para sustentá-la, sentindo que jogou a sua vida fora e lamentando a comemoração do maldito vestibular.

b) e ela vão viver em Santa Catarina, amam-se loucamente, mas voltam duas semanas depois, a tempo de se inscrever em suas respectivas faculdades, e ficam bons amigos.

11) Ela diz que está grávida e vocês decidem se casar, com a bênção resignada das famílias. Você: a) usa a ajuda que recebeu do seu pai para comprar uma van a prestação, acaba com uma frota de vans, fica rico, aparece na Caras, tem filhos e netos e morre de uma falha do coração artificial em 2044.

b) descobre, horrorizado, no altar, que o sinalzinho perto do canto da boca era pintado e agora está perto do olho, e pensa em como seria bom se a gente pudesse voltar atrás e corrigir todas as escolhas erradas que fez na vida, mas como saber se a escolha era errada ou não, já que a vida não tem gabarito?

12) O padre pergunta se você aceita a Maria Cristina como sua esposa. Você:

a) diz "sim".

b) foge para Curitiba.
 
 
Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 8 de abril de 2011

MESMO ANTES DE NASCER, JÁ TINHA ALGUÉM TORCENDO POR VOCÊ

Tinha gente que torcia para você ser menino.

Outros torciam para você ser menina.

Torciam para você puxar a beleza da mãe,

o bom humor do pai.

Estavam torcendo para você nascer perfeito.

Daí continuaram torcendo.

Torceram pelo seu primeiro sorriso, pela

primeira palavra , pelo primeiro passo.

O seu primeiro dia de escola foi a maior torcida.

E de tanto torcerem por você,

você aprendeu a torcer.

Começou a torcer para ganhar muitos presentes e flagrar Papai Noel.

Torcia o nariz para o quiabo e a escarola.

Mas torcia por hambúrguer e refrigerante.

Começou a torcer até para um time.

Provavelmente, nesse dia, você descobriu que tem gente que torce diferente de você. Seus pais torciam para você comer de boca fechada, tomar banho, escovar os dentes,

estudar inglês e piano.

Eles só estavam torcendo para

você ser uma pessoa bacana.

Seus amigos torciam para você usar brinco,

cabular aula, falar palavrão.

Eles também estavam torcendo para você ser bacana.

Nessas horas, você só torcia para não ter nascido.

E por não saber pelo que você torcia, torcia torcido.

Torceu para seus irmãos se ferrarem, torceu para o mundo explodir.

E quando os hormônios começaram a torcer,

torceu pelo primeiro beijo, pelo primeiro amasso.

Depois começou a torcer pela sua liberdade.

Torcia para viajar com a turma, ficar até tarde na rua.

Sua mãe só torcia para você chegar vivo em casa.

Passou a torcer o nariz para as roupas da sua irmã, para as idéias dos

professores e para qualquer opinião dos seus pais.

Todo mundo queria era torcer o seu pescoço.

Foi quando até você começou a torcer pelo seu futuro. Torceu para ser médico, músico, advogado.

Na dúvida, torceu para ser físico nuclear ou jogador de futebol.

Seus pais torciam para passar logo essa fase.

No dia do vestibular, uma grande torcida se formou. Pais, avós, vizinhos, namoradas e todos os santos torceram por você.

Na faculdade, então, era torcida pra todo lado. Para a direita, esquerda, contra a corrupção, a fome na Albânia e o preço da coxinha na cantina.

E, de torcida em torcida, um dia teve um torcicolo de tanto olhar para ela.

Primeiro, torceu para ela não ter outro.

Torceu para ela não te achar muito baixo, muito alto, muito gordo, muito magro.

Descobriu que ela torcia igual a você.

E de repente vocês estavam torcendo para não acordar desse sonho.

Torceram para ganhar a geladeira, o microondas e a grana para a viagem de lua-de-mel.

E daí pra frente você entendeu que a vida é uma grande torcida.

Porque, mesmo antes do seu filho nascer, já tinha muita gente torcendo por ele.

Mesmo com toda essa torcida,

pode ser que você ainda não tenha conquistado

algumas coisas.

Mas muita gente ainda torce por você!

Se procurar bem você acaba encontrando.

Não a explicação (duvidosa), mas a poesia (inexplicável) da vida..’


Carlos Drummond de Andrade

TUDO QUE HOJE PRECISO REALMENTE SABER APRENDI NO JARDIM DE INFÂNCIA

Tudo o que hoje preciso realmente saber, sobre como viver, o que fazer e como ser, eu aprendi no jardim de infância. A sabedoria não se encontrava no topo de um curso de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de todo dia. Estas são as coisas que aprendi lá:


1. Compartilhe tudo.

2. Jogue dentro das regras.

3. Não bata nos outros.

4. Coloque as coisas de volta onde pegou.

5. Arrume a sua bagunça.

6. Não pegue as coisas dos outros.

7. Peça desculpas quando machucar alguém.

8. Lave as mãos antes de comer e reze antes de deitar.

9. Dê descarga.

10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você.

11. Respeite o outro.

12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... e desenhe.. e pinte... e cante... e dance... e brinque... e trabalhe um pouco todos os dias.

13. Tire uma soneca às tardes.

14. Quando sair, cuidado com os carros.

15. Dê a mão e fique junto.

16. Repare nas maravilhas da vida.

17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.

NOTE:

Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e sofisticados e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu governo ou ao seu mundo e verá como ele é verdadeiro, claro e firme. Pense como o mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um cobertorzinho para uma soneca. Ou se todos os governos tivessem como regra básica devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem a bagunça ao sair.

Estas são verdades, não importa a idade.

Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos.

                                                                                                  Pedro Bial

Disponível em: http://www.pailegal.net/ser-pai/131