sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

VIDA MODERNA

Um homem de negócios americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observava um pequeno barco de pesca que atracava nesse momento trazendo um único pescador. No barco vários grandes atuns.
O americano deu parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e perguntou-lhe quanto tempo levara para pescá-los.

- Pouco tempo – respondeu o mexicano.

Em seguida, o americano perguntou por que ele não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante.

O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender as necessidades imediatas de sua família.

O americano voltou à carga:

- Mas o que é que você faz com o resto de seu tempo?

O mexicano respondeu:

- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com meus filhos, tiro a siesta com minha mulher, Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho, toco violão com meus amigos. Levo uma vida cheia e ocupada, señor.

O americano assumiu um ar de pouco caso e disse:

- Eu sou formado em administração em Harvard e poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos pesqueiros. Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia imediatamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México, em seguida para Los Angeles e, finalmente, para Nova York, de onde dirigiria sua empresa em expansão.

- Mas, señor, quanto tempo isso levaria? – pergunto o pescador.

- Quinze ou vinte anos – respondeu o americano.

- E depois, señor?

O americano riu e disse que essa seria a melhor parte:

- Quando chegar a ocasião certa, você poderá abrir o capital de sua empresa ao público e ficar muito rico. Ganharia milhões.

- Milhões, señor? E depois?

- Depois – explicou o americano – você se aposentaria. Mudava para uma pequena aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os netos, tiraria a siesta com a esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia beber vinho e tocar violão com amigos....


(Autor desconhecido)

sábado, 6 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO

(Hélio Consolaro* )

Recebi de um leitor (login: rondon.jr) um texto bastante conhecido, antigo, como exemplo de como a pontuação faz a diferença. A reprodução abaixo não é falta de assunto, mas uma forma de compartilhar com os leitores mais jovens as coisas antigas e boas que estão na internet.
Um homem rico estava muito doente, pediu papel e caneta, e assim escreveu:
"Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres".
Morreu antes de fazer a pontuação. Para quem ele deixava a fortuna?
Eram quatro concorrentes. O sobrinho fez a seguinte pontuação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não, a meu sobrinho.

Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres"

A irmã chegou em seguida e pontuou assim, o escrito:
"Deixo meus bens à minha irmã, não a meu sobrinho.

Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres."

O alfaiate pediu cópia do original e puxou a brasa pra sardinha dele:

"Deixo meus bens à minha irmã? Não! Ao meu sobrinho jamais! Será paga a conta do alfaiate.
Nada aos pobres."
Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres."
MORAL DA HISTÓRIA:

Pior de tudo é saber que ainda tem gente que acha que uma vírgula não faz a menor diferença!


*Hélio Consolaro é professor de Português, cronista diário da Folha da Região, Araçatuba-SP, presidente da Academia Araçatubense de Letras, coordenador do site Por Trás das Letras.

Retirado do site: http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/docs/aimportanciadapontuacao

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Filtro Solar - Versão original (Reflexão sobre a vida!)

Use filtro solar

Se eu pudesse dar a vocês uma única dica para o futuro, diria:



"Usem filtro solar".



Os benefícios, a longo prazo, do uso do filtro solar

foram cientificamente provados.



Os demais conselhos que dou baseiam-se unicamente

em minha própria experiência de vida.



Eis aqui um conselho:

desfrute do poder e da beleza de sua juventude.



Oh, esqueça!



Você só vai compreender o poder e a beleza de sua juventude

quando já tiverem desaparecido.



Mas acredite em mim:

dentro de vinte anos, você olhará suas fotos

e compreenderá, de um jeito que não pode compreender agora,

quantas oportunidades se abriram e quão fabuloso(a) você realmente era.



Você não é tão gordo quanto você imagina.



Não se preocupe com o futuro;

ou se preocupe, se quiser,

mas saiba que se preocupar

é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra

simplesmente mascando chiclete.



Os problemas que realmente têm importância em sua vida

são aqueles que nunca passaram por sua cabeça,

como aqueles que tomam conta de você

quando você não tem nada para fazer.



Cante.



Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável,

e não tolere aqueles que ajam de forma irresponsável

com os seus sentimentos.



Relaxe.



Não perca tempo com a inveja.



Algumas vezes você ganha,

algumas vezes você perde.



A corrida é longa e,

no final, você conta apenas consigo mesmo(a).



Lembre-se dos elogios que recebe,

esqueça os insultos

(se conseguir fazer isso, diga-me como).



Guarde suas cartas de amor.



Jogue fora seus velhos extratos bancários.



Alongue-se.



Não se sinta culpado se

não souber muito bem o que quer ser ou fazer da vida.



As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham idéia,

aos 22 anos, do que iam fazer na vida;

outras, não menos interessantes,

mesmo com 40 anos ainda não sabem.



Tome bastante cálcio.



Seja gentil com seus joelhos,

você sentirá falta deles quando não funcionarem mais.



Talvez você se case, talvez não.



Talvez tenha filhos, talvez não.



Talvez se divorcie aos 40,

talvez dance uma valsinha

quando fizer 75 anos de casamento.



O que quer que faça,

não se orgulhe e nem se critique demais.



Todas as suas escolhas têm 50% de chance de dar certo,

assim como as escolhas de todos os demais.



Curta seu corpo e use-o de todas as maneiras que puder.



Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensam dele.



Seu corpo é o melhor instrumento que você possui.



Dance.

Mesmo que o único lugar que você tenha para fazer isso

seja sua sala de estar.



Leia todas as instruções,

mesmo que não as siga.



Não leia revistas de beleza,

elas apenas farão você se sentir feio(a).



Saiba entender seus pais.

Você nunca saberá quando eles deixarão de viver.



Seja amável com seus irmãos.

Eles são o seu melhor vínculo com o passado

e são aqueles que, muito provavelmente, no futuro,

nunca te deixarão na mão.



Entenda que os amigos vem e vão,

mas que há uns poucos, preciosos,

que você deve guardar com carinho.



Trabalhe duro para superar distâncias

e estilos de vida,

pois à medida que você envelhece,

mais precisa das pessoas que conheceu na juventude.



More um tempo em São Paulo,

mas mude-se

antes que a cidade transforme você

em uma pessoa indiferente.



More um tempo no nordeste,

mas mude-se

antes de tornar-se uma pessoa mole demais.



Viaje.



Aceite certas verdades eternas: os preços sempre vão subir,

os políticos são mulherengos, e você também vai envelhecer. E,

quando você envelhecer, vai fantasiar que, quando você era jovem,

os preços eram aceitáveis, os políticos tinham almas nobres

e as crianças respeitavam os mais velhos.



Respeite os mais velhos.



Não espere apoio de ninguém.



Talvez você tenha um investimento seguro,

talvez tenha um cônjuge rico.



Mas você nunca sabe

quando um ou outro pode te deixar na mão.



Não mexa muito com seu cabelo,

ou quando você tiver 40 anos, terá a aparência de 85.



Tenha cuidado com as pessoas que te dão conselhos,

mas seja paciente com elas.



Um conselho é uma forma de nostalgia:

dar conselhos é uma forma de resgatar o passado da lata de lixo,

limpá-lo, esconder as partes feias, reciclá-lo e vendê-lo

por um preço maior do que realmente vale.



Mas acredite em mim quando me refiro ao filtro solar.


Mary Schmich




http://boi.geness.ufsc.br/videos/dm9ddb.wmv

DESEJOS OU OS VOTOS

Pois, desejo primeiro que você ame e que amando, também seja amado,


E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.



Desejo também que tenha amigos e que, mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis,

E que em pelo menos um deles você possa confiar, que confiando, não duvide de sua confiança.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos, nem poucos,

mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.

E que entre eles haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiadamente seguro.



Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituivelmente útil, mas razoavelmente útil.

E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.



Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil,

mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que essa tolerância, não se transform em aplauso nem em permissividade,

Para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.



Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer

E que, sendo velho, não se dedique a desesperar.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

E é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.



Desejo, por sinal, que você seja triste, mas não o ano todo, nem em um mês e muito menos numa semana,

Mas apenas por um dia. Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom,

o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.



Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo,

Talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes,

E que estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.

E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.



Desejo ainda que você afague um gato, que alimento um cão e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer

triunfante o seu canto matinal;

Porque assim você se sentirá bem por nada.



Desejo também que você plante uma semente, por mais ridícula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia-a-dia,

para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.



Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.

E que, pelo menos uma vez por ano, você ponha uma porção dele na sua frente e diga:

"Isso é meu". Só para que fique bem claro quem é dono de quem.



Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal,

não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.

Mas que esse frugalismo não impeça você de abusar quando o abuso se impõe.



Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você,

Mas que, se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.



Desejo, por fim, que sendo mulher, você tenha um bom homem,

E que sendo homem, tenha uma boa mulher.

E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez,

E novamente, de agora até o próximo ano acabar,

E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.



E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar.


Sérgio Jockymann



http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Politicos/B_SergioJockyman.htm

ANTES QUE ELES CRESÇAM

Há um período em que os pais vão ficando órfãos de seus próprios filhos.


É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.

Crescem sem pedir licença à vida.

Crescem com uma estridência alegre e, às vezes com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente.

Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maneira que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?

Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?

A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...

Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com uniforme de sua geração.

Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas.

E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.

Principalmente com os erros que esperamos que não se repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos filhos.

Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas.

Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô.

Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, posters, agendas coloridas e discos ensurdecedores.

Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hamburgueres e refrigerantes, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.

Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhos.

Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.

Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".

Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade.

E que a conquistem do modo mais completo possível.

O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.

O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.

Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.

Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.


Affonso Romano de Sant'Anna





Extraído do site: http://www.veraperdigao.com.br/poesias/especiais/01affonso_romano/affonso_romaro.html#AR13

A TIGELA DE MADEIRA

Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.

As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.

A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer.

Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão.

Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.

O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.

- Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai - disse o filho.

- Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.

Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.

Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira.

Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.

O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.

Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira.

Ele perguntou delicadamente à criança:

- O que você está fazendo?

O menino respondeu docemente:

- Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer.

O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.

Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos.

Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.

Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito.

Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família.

Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família.

E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.

 
Cláudio Seto
 
http://www.sotextos.com/a_tigela_de_madeira.htm

A PRINCÍPIO OU A FELICIDADE REALISTA

De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.


Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis.


Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.


E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.

Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.


É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.


Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.


Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

Martha Medeiros

http://www.sotextos.com/a_principio.htm

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Introdução ao estudo de sujeito e predicado

Objetivos: Desenvolver uma definição adequada para sujeito e predicado, saber distinguir e identificar os dois termos.

Conteúdo: Sujeito e predicado

Métodos/ estratégias: Os alunos deverão se organizar em círculo. O professor enunciará ordens que deverão ser praticadas pelos alunos indicados. Por exemplo: "Os alunos de tênis branco trocam de lugar." As frases vão sendo escritas no quadro-negro. Sugestões de frase:

Os baixinhos levantam as mãos.

Os gremistas dão um rodopio.

Os colorados batem palmas.

Todas as meninas desfilam na sala.

Os alunos com óculos escrevem seu nome no quadro.

Os meninos de calça preta e as meninas de blusa branca se cumprimentam.

Subam na cadeira aqueles que se consideram magros.


Os alunos devem continuar, criando suas próprias frases, até que todos tenham elaborado uma ou, sendo uma turma grande, até que a atividade se esgote.

A professora apresenta as frases enunciadas por ela no quadro (ou retroprojetor, cartaz, etc.), já deixando com alguma separação entre sujeito e predicado. Deverá então fazer perguntas, direcionando para a conclusão da diferença entre os dois termos. Sugestões de perguntas:

- O que tem em comum esses conjuntos de palavras que aparecem no início das frases que trabalhamos (referindo-se ao sujeito)?

- Elas podem estar indicando quem deveria agir na tarefa?

- E o restante da frase apresenta algo em comum entre elas?

- Elas diziam o que deveríamos fazer, ou seja, era a ação praticada?

- Essa palavra “ação” lembra alguma classe gramatical?

- Em qual parte da frase aparece o verbo?

- Então o verbo faz parte do predicado?

- Então todas as frases apresentadas são, na verdade, uma oração?

A professora, com ajuda dos alunos, deve construir um significado para sujeito e predicado e anotar no quadro negro.


Na sequência, é importante oferecer exercícios de identificação de sujeito e predicado.

Sugestões de exercícios:


- Ligar sujeito ao predicado conforme o sentido das orações;

- Separar sujeito e predicado;

- Completar com um sujeito ou predicado;

- Desembaralhar orações e identificar o que é sujeito e o que é predicado;

- Identificar o verbo nas orações...


Recursos: Quadro-negro ou outro

Avaliação: O fato de os alunos conseguirem ajudar a construir um conceito para os termos já indica o sucesso da atividade. No entanto, é recomendável que se faça exercícios ao final para que se tenha ideia do nível de entendimento da turma e da sua habilidade para reconhecer e utilizá-lo de forma adequada, bem como identificar quais alunos ainda apresentam dificuldades. Por essa razão, a correção deve servir como mais um momento de aprendizado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O sobrenome de Joana

Se pelo menos eu tivesse conservado meu sobrenome, suspirava sua mãe em dolorido lamento. Joana, quando criança, ouvia essa reclamação muitas vezes. Dolorido e explicável lamento: a mãe era uma mulher submissa, maltratada pelo marido. Em conseqüência, muito cedo, pensando na mãe, Joana decidiu: manteria o sobrenome de solteira, como só casaria com um homem que adotasse seu sobrenome.


Logo as oportunidades começaram a aparecer, bonita, inteligente, ela atraía a atenção dos rapazes. Proposta matrimonial não lhe faltava, até de jovem muito interessante.

O primeiro pretendente sério foi o Marcelo. Rapaz trabalhador, queria casar. Joana, depois de um namoro morno, disse que aceitava a proposta, mas com aquela condição. Marcelo teria de adotar o sobrenome dela. Coisa que o rapaz rejeitou. Romperam o namoro ali mesmo, ao lado de uma parede de pedra.

O segundo foi Bruno, não tão sério quanto Marcelo, porém mais inteligente. Namoraram algum tempo, ele propôs o casamento, de noite, ao sair. Suando, ouviu a exigência dela, vacilou; não lhe agradava aquilo, mas fez uma contraproposta: casariam e cada um conservaria seu sobrenome. Nada feito, retrucou Joana.

O terceiro foi Arlindo, não tão inteligente quanto Bruno, mas muito mais afetivo. Desta vez foi Joana quem levantou o assunto: quando a gente se casar, disse, eu quero que você adote meu sobrenome. Ele olhou-a espantado: a verdade é que nunca cogitara isso. Viver juntos, tudo bem; casamento nem pensar. Ela, então, após muitas lágrimas, com os olhos vermelhos de choro, mandou-o embora, indignada.

Agora, faz tempo que está sozinha, mas tem observado com interesse um colega de escritório. Homem trabalhador, esforçado, inteligente, afetivo. Marido ideal. Problema: ele e ela têm o mesmo sobrenome, Silveira. Se casarem, esse Silveira será o sobrenome dela ou dele? Se for o caso, ela não quer nem saber.

(Moacyr Scliar. Folha de São Paulo, 21.03.05. Adaptado)

O Pacote - Uma História Real

Meu pai morreu aos 78 anos. Mas durante sua existência, fez questão de mostrar que a honestidade é uma espécie de crédito que se conquista durante toda a vida. Não se pode, levianamente, perdê-la.
Certa vez, no ano de 1963, estava numa portaria de um Hotel da cidade de Governador Valadares acertando minhas contas para viajar. Dado momento, entrou um senhor alto, forte, de bigode, bem vestido, com vários maços de notas de quinhentos cruzeiros nas mãos. Pediu ao gerente uma folha de papel de embrulho e arrumou as notas num pacote. Pelo volume, calculei que deveria ter muito dinheiro, de quinhentos mil para cima. Com muita calma, pegou um pedaço de barbante e amarrou o dinheiro cuidadosamente.
Acertei minhas contas no hotel. Não dei muita importância ao fato a não ser pelo que iria acontecer depois. Fui para a estação, peguei o trem para Vitória. Quando estava sentado em minha poltrona e o trem prestes a sair, chegou um senhor com um embrulho na mão e uma mala na outra. Arrumou a mala no porta-malas, bem na minha frente. A seguir, pegou o embrulho e colocou-o bem em cima da mala. Aquele homem não prestou atenção em mim, mas eu o reconheci logo que ele se aproximou para colocar a mala. Era o mesmo homem que estava no hotel no aquele dinheirão. – Estranha coincidência.
Naquela época, ainda era estudante de segundo grau de um curso técnico. Como estudante de família pobre, andava mais duro que pão dormido de três dias. – Não consegui frear minha imaginação, pelo contrário, dei asas a ela – “Esse pacote deve ter mais de quinhentos mil cruzeiros. Não sei como esse cara tem coragem de deixar esse dinheiro todo aí. Acho que ele nem prestou atenção em mim lá no hotel. Se eu fosse um ladrão, quando ele saísse para ir ao vagão-restaurante, era só pegar esse pacote e saltar na primeira estação que o trem parasse. Já pensou o que podia ser feito com esse tutu. Estou terminando meu curso, não sei quando vou arranjar emprego, este pacote poderia ser a solução. “Daí a instantes passava o vendedor de sanduíches de pão com salame e guaraná, despertou-me de pensamentos maus. – Logo, logo o dono do pacote chegou, sentou-se no seu lugar bem na minha frente. Lembrei dos bons exemplos de meu pai sobre a questão da honestidade. Confesso que tive vergonha de meus pensamentos.
Cheguei a Vitória, peguei minha mala e saí. Como era fim da linha, o homem pegou seu pacote com a mala e misturou-se na multidão.
A ocasião faz o ladrão, ou as pessoas ou algumas pessoas têm dentro de si algo que impulsiona ao erro em qualquer situação?

Antonio Teles Zimerer


Publicado no Recanto das Letras em 22/09/2010

Código do texto: T2513554
 
http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/2513554

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Camping

4 de janeiro. Querido diário: amanhã vamos procurar um lugar para acampar. Não agüento mais essa cidade.
7 de janeiro. Querido diário:achamos um lugar maravilhoso para camping. É tão bonito que papai combinou com uns amigos para voltarmos.
11 de janeiro. Querido diário: foi fantástico. H avia mais de dez casais com crianças, apaixonados pela natureza. Limpamos um pouco o local, derrubamos algumas árvores e agora há mais espaço para todos. 2
2 de janeiro. Querido diário: o camping está cada vez melhor. O s vendedores ambulantes descobriram nosso acampamento e agora se pode comprar tudo lá. O número de famílias aumentou muito e já tem gente que nunca vi mais gorda. Já tem churrasqueiras e sanitários.
3 de fevereiro. Querido diário: conheci um amigo,Paulo. O pai dele é dono de uma farmácia e isso foi sorte porque sempre se precisa de quem entenda de saúde no mato. Ah, fizeram umas ruas pelo meio da floresta. Falam em instalar água e luz no camping. É mais conforto.
27 de fevereiro. Querido diário: instalaram água e luz. Em boa hora, porque o camping está tão grande que precisava mesmo. O s ambulantes decidiram que é melhor ficar fixo lá e montaram umas tendas que não fecham a semana inteira, de tanta gente que vai lá. Paulo disse que o pai dele vai botar um ambulatório lá.
8 de março. Querido diário:hoje eu resolvi conhecer o camping todo. Sabe, eu e o Paulo levamos mais de hora para percorrer o lugar. Acho que vem gente de toda a parte para aproveitar o clima e a paisagem. Assistimos a uma discussão por causa do espaço que virou briga. Felizmente, o camping tem polícia permanente e tudo se acalmou logo. Parece que vai haver um posto policial na área. N a zona nova do camping já tem um pessoal que em vez de barracas faz cabanas lá e estão passando temporadas inteiras sem sair da região.
2 de abril. Querido diário: tive uma surpresa, hoje. Tem telefone no camping. É só uma cabine da companhia telefônica, mas é possível que em seguida se instale uma central. Outra novidade: o pai do Paulo levou a farmácia dele pra lá. Fica na avenida principal e como tem muitas lojinhas e casas comerciais eles se reuniram e estão pedindo calçamento no camping. Depois da janta fomos à primeira sessão do cineminha do camping.
11 de julho. Querido diário: o banco do papai tomou uma decisão das boas: abriu uma filial lá e deu a gerência pro velho. Mudamos logo para uma casa alugada por uma grana sem fim (aqui tem especulação imobiliária também), meio longe mas confortável. O pessoal da associação de bairros elegeu papai como presidente. A reunião da posse não foi boa: todo mundo se queixou que não deu pra ouvir o discurso de papai por causa do barulho da construção do edifício do centro comercial (nove andares) ao lado. Ontem vimos uma barraca de lona. Incrível.
29 de julho. Querido diário: papai ficou irritado com o camping. Houve um engarrafamento na nossa quadra e ele não pode ir pescar. Talvez compre uma casa fora do centro. Fico longe do Paulo, mas há a linha de ônibus. Quem reclama são os caras dos arrabaldes; pra eles é difícil ter que vir até aqui onde tem padarias, lavanderias, oficinas, hospital etc. Começaram, aliás, a construção do aeroporto. E a central telefônica ficou uma beleza.
15 de setembro. Querido diário: li no jornal do camping que em breve teremos uma estação de tevê. Chega de ouvir só aquelas rádios com comerciais. Iniciaram uma campanha de plantar árvores e cuidar mais da água. Isso é bom pro camping. Conscientizar o povo, né? A polícia tem muito trabalho é com os marginais. Fora isso, nós acreditamos no progresso do Camping, como diz papai.
26 de outubro. Querido diário: Paulo trabalha numa firma metalúrgica. É a maior chaminé do camping. O trânsito está maluco. A vida aqui está cara. Fiz quinze anos. A poluição das indústrias incomoda. Vêm aí as eleições para prefeito do camping. Estão removendo vilas pobres inteiras para longe. Aconteceu um suicídio. Falta luz. O time do camping não entrou no nacional. Assaltaram outra vez o supermercado.
6 de dezembro. Querido diário: amanhã, vamos procurar um lugar para acampar. Não agüentamos mais essa cidade.

Fonte: Fraga,J. G . In:Ficção. Rio de janeiro,n.16,abr.,1977.


http://wwwducilenegestar.blogspot.com/2009/09/relato-de-experiencia-texto-canping.html

O problema educacional (ou sacrifício de mãe)

Uma pobre mãezinha levou o filhinho ao psicanalista, porque ele era incapaz de comer qualquer coisa. Ou coisa alguma. Só gostava de comer o impossível. O médico examinou o crescimento mental do menino e recomendou à mãe que não forçasse o menino a comer o que ele não gostasse.
Percebia-se nitidamente que era um jovenzinho de formação extravagante, a quem se deveria oferecer apenas pratos ímpares. Assim foi que a mãezinha, muito da psicanalítica, chegou a casa e perguntou ao filhinho o que é que ele gostaria de comer. O menino nem titubeou. Disse logo:

-"Uma largatixa".
Com grande repugnância e não menor dificuldade, a mãe(zinha) conseguiu caçar uma lagartixa e deu-a ao menino. O menino olhou a lagartixa com igual ânsia, um olho pra cá, outro pra lá, os dois olhos parando lá em cima e exclamou:

-"Come vuoí, mamma, que io mangi questa porcheria cosí cruda senza ne meno il doppio burro?" - ou seja: "Como é que a senhora pretende que eu coma essa porcaria assim crua: não tem sequer manteiga dupla?"
A mãe, sempre mãe, e mais mãe porque psicanaliticamente orientada, pegou a lagartixa, pô-la na frigideira e fritou-a como o menino desejava.
- Está bem agora? - perguntou ao menino.
- Não - respondeu a peste , - parte-a ao meio.
A mãezinha tão Kleiniana, coitada!, fez o que o menino mandava. O menino olhou a mãezinha, a mãezinha olhou o menino, o menino mexeu um olho, a mãe baixou a cabeça meio centímetro, o menino mexeu o outro olho, a mãe voltou com a cabeça à posição anterior e aí o menino impôs:
-Eu só como a lagartixa se a senhora comer metade.
- Então come tu que depois eu como - disse a mãe.
-Não, você tem que comer primeiro - disse o menino.
A mãezinha sentiu uma golfada de nojo, mas, que ia fazer?, mãe é mãe e, além do mais, ela tinha tantas raízes iunguianas! Fechou os olhos e, para não sentir, com um gesto rápido, colocou metade da lagartixa dentro da goela e engoliu. O menino olhou-a firme, olhou a metade da lagartixa dentro na frigideira e começou a chorar:
-"Ai, ai, ai!… A senhora comeu exatamente a metade que eu gosto. Essa parte eu não como de modo nenhum."
Moral: Quando você tiver de engolir um sapo, não há o que escolher. Mas quando tiver que engolir metade do sapo escolha sempre a metade que coaxa.
Submoral: Dizem alguns historiadores que a mãe deu uma bruta de umasurra no garoto. Mas os historiadores que abraçam essa versão não sabem os terríveis traumas (ai, freudianos) que causam na infância esses choques físico-morais provocados por espancamentos. Todas as mães modernas preferem comer lagartixas.
Do livro: Fábulas Fabulosas Millôr Fernandes Círculo do Livro Instituto de Aprendizagem e Comunicação Empresarial

http://tauc.aac.uc.pt/postnuke/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=80

Livro: a troca

Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena os livros me deram casa e comida.


Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé, fazia parede, deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado.

E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.

De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.

Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.

Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas. Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.

Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia; e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu, era só escolher e pronto, o livro me dava.

Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que – no meu jeito de ver as coisas – é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.

Mas, como a gente tem mania de sempre querer mais, eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra – em algum lugar – uma criança juntar com outros, e levantar a casa onde ela vai morar.

Lygia Bojunga
http://www.casalygiabojunga.com.br/frames/livroatroca.htm

terça-feira, 10 de agosto de 2010

UMA HISTÓRIA REAL: UM DESEQUILÍBRIO CAUSADO PELA MELHOR DAS INTENÇÕES

Bornéu é uma grande ilha da Indonésia, localizada no Oceano Pacífico, mais ou menos entre a Austrália e a China e próxima a outras grandes ilhas como Java e Sumatra. Seu clima é tropical, a vegetação é constituída de muitos coqueiros e os nativos vivem em casas construídas de madeira, palha e folhas de coqueiros, semelhantes às casas dos nativos que vivem aqui na América tropical.

Lá pelo ano de 1960 a OMS (Organização Mundial da Saúde), desejando combater os pernilongos que transmitem a malária aos habitantes da ilha, decidiu fazer uma grande aplicação de inseticidas. Usando aviões e outros equipamentos, aplicou verdadeiras nuvens de DDT em todo o território, abrangendo matas, plantações, casas etc.

O primeiro resultado observado foi magnífico! Morreram, praticamente, todos os pernilongos da ilha, e seus habitantes viram-se livres não só da malária, mas também daquelas picadas incômodas que sofriam à noite, em suas casas, ou mesmo de dia, nas sombras dos bosques. Mas algumas coisas estranhas começaram a acontecer em todo o território de Bornéu.

Infelizmente, o DDT não matava apenas os pernilongos. Matava, também, outros insetos, como abelhas, besouros, baratas etc. Alguns desses não chegavam a morrer, mas ficavam meio tontos e incapazes de se esconder com rapidez quando atacados pelos... Lagartos de Bornéu! Aconteceu que o lagarto de Bornéu é um grande comedor desses insetos maiores _ besouro e baratas _ e agora, tendo alimento tão fácil de apanhar, todos eles fartaram-se de comer insetos e apanharam uma bela indigestão!

A verdade é que os lagartos não sabiam que aqueles insetos estavam envenenados... e, comendo-os, ficaram, também, meio paralisados, sem poder correr e, portanto, sem poder fugir dos gatos! Desse modo, os gatos passaram a contar com um novo petisco que nunca haviam provado antes: deixaram de perseguir seus ratos e passaram a se alimentar de carne de lagarto. Naturalmente, carne envenenada... Cada lagarto tendo comido centenas de insetos, já acumulava, em seu corpo, uma grande quantidade de DDT.

Conseqüentemente, cada gato, comendo cinco ou dez lagartos, adquiria uma dosagem fatal: e morria!

É natural que, morrendo os gatos, os ratos passassem a proliferar abundantemente. Bornéu passou a sofrer de uma verdadeira invasão desses roedores. Alarmados, os técnicos da OMS providenciaram rapidamente uma grande remessa de gatos para a ilha, restabelecendo rapidamente o controle da situação.

Mas aí é que veio o pior: as casas dos nativos, construídas de ripas e palhas de coqueiros, começaram a cair! O assunto foi logo estudado pelos especialistas da OMS, que descobriram o seguinte: existe um inseto _ uma espécie de “baratinha” que se alimenta vorazmente de palha de coqueiro. Só que, normalmente, esse inseto não atingia números muito grandes porque o lagarto de Bornéu não deixava: ele gostava muito de comer essas baratinhas. Com o desaparecimento do lagarto, esses insetos não tinham mais limites à sua reprodução, e comiam toda a palha de coqueiro que encontravam pela frente!

A OMS não teve outra solução: procurou, nos continentes, outro tipo de lagarto semelhante àquele de Bornéu e transportou-o em grande número para a ilha.

(Samuel M. Branco. Natureza e agroquímicos. São Paulo, Moderna, 1990. p. 8-12)

O homem que espalhou o deserto

Quando menino, costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal, cortando folhas das árvores. Havia mangueiras,abacateiros, ameixeiras, pessegueiros e até mesmo jabuticabeiras. Um quintal enorme, que parecia uma chácara e onde o menino passava o dia cortando folhas. A mãe gostava, assim ele não ia para a rua, não andava em más companhias. E sempre que o menino apanhava o seu caminhão de madeira (naquele tempo, ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente) e cruzava o portão, a mãe corria com a tesoura: tome, filhinho, venha brincar com as suas folhas. Ele voltava e cortava. As árvores levavam vantagem, porque eram imensas e o menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco, apesar do dia-a-dia, constante, de manhã à noite.


Mas o menino cresceu, ganhou tesouras maiores. Parecia determinado, à medida que o tempo passava, a acabar com as folhas todas. Dominado por uma estranha impulsão, ele não queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não tinha namoradas ou amigos. Apenas tesouras, das mais diversas qualidades e tipos. Dormia com elas no quarto. À noite, com uma pedra de amolar, afiava bem os cortes, preparando-as para as tarefas do dia seguinte. Às vezes, deixava aberta a janela, para que o luar brilhasse nas tesouras polidas.



A mãe, muito contente, apesar de o filho detestar a escola e ir mal nas letras. Todavia, era um menino comportado, não saía de casa, não andava em más companhias, não se embriagava aos sábados como os outros meninos do quarteirão, não freqüentava ruas suspeitas onde mulheres pintadas exageradamente se postavam às janelas, chamando os incautos. Seu único prazer eram as tesouras e o corte das folhas.



Só que, agora, ele era maior e as árvores começaram a perder. Ele demorou apenas uma semana para limpar a jabuticabeira. Quinze dias para a mangueira menor e vinte e cinco para a maior. Quarenta dias para o abacateiro que era imenso, tinha mais de cinqüenta anos. E seis meses depois, quando concluiu, já a jabuticabeira tinha novas folhas e ele precisou recomeçar.



Certa noite, regressando do quintal agora silencioso, porque o desbastamento das árvores tinha afugentado pássaros e destruído ninhos, ele concluiu que de nada adiantaria podar as folhas. Elas se recomporiam sempre. É uma capacidade da natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era diminuto, ele demorou meses para encontrar a solução: um machado.



Numa terça-feira, bem cedo, que não era de perder tempo, começou a derrubada do abacateiro. Levou dez dias, porque não estava habituado a manejar machados, as mãos calejaram, sangraram. Adquirida a prática, limpou o quintal e descansou aliviado.



Mas insatisfeito, porque agora passava os dias a olhar aquela desolação, ele saiu de machado em punho, para os arredores da cidade. Onde encontrava árvore, capões, matos atacava, limpava, deixava os montes de lenhas arrumadinhos para quem quisesse se servir. Os donos dos terrenos não se importavam, estavam em vias de vendê-los para fábricas ou imobiliárias e precisavam de tudo limpo mesmo.



E o homem do machado descobriu que podia ganhar a vida com o seu instrumento. Onde quer que precisassem derrubar árvores, ele era chamado. Não parava. Contratou uma secretária para organizar uma agenda. Depois, auxiliares. Montou uma companhia, construiu edifícios para guardar machados, abrigar seus operários devastadores. Importou tratores e máquinas especializadas do estrangeiro. Mandou assistentes fazerem cursos nos Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de primeira linha. E trabalhavam, derrubavam. Foram do sul ao norte, não deixando nada em pé. Onde quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma tesoura, um machado, um aparelho eletrônico para arrasar.



E enquanto ele ficava milionário, o país se transformava num deserto, terra calcinada. E então, o governo, para remediar, mandou buscar em Israel técnicos especializados em tornar férteis as terras do deserto. E os homens mandaram plantar árvores.E enquanto as árvores eram plantadas, o homem do machado ensinava ao filho a sua profissão.



(BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O homem que espalhou o deserto. In: Cadeiras proibidas. 2.ed. Rio de Janeiro, Codecri, 1979.p.78-80)

Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.


A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.


A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.


A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.


A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.


A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.


A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.


A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.


A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.


A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


(1972)

O arquivo

Victor Giudice


No fim de um ano de trabalho, joão obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.


joão era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, a agradecer ao chefe.


No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor.


Passou a tomar duas conduções para chegar ao trabalho. No entanto, estava satisfeito. Acordava mais cedo, e isto parecia aumentar-lhe a disposição.


Dois anos mais tarde, veio outra recompensa.


O chefe chamou-o e lhe comunicou o segundo corte salarial.


Desta vez, a empresa atravessava um período excelente. A redução foi um pouco maior: dezessete por cento.


Novos sorrisos, novos agradecimentos, nova mudança.


Agora joão acordava às cinco da manhã. Esperava três conduções. Em compensação, comia menos. Ficou mais esbelto. Sua pele tornou-se menos rosada. O contentamento aumentou.


Prosseguiu a luta.


Porém, nos quatro anos seguintes, nada de extraordinário aconteceu.


joão preocupava-se. Perdia o sono, envenenado em intrigas de colegas invejosos. Odiava-os. Torturava-se com a incompreensão do chefe. Mas não desistia. Passou a trabalhar mais duas horas diárias.


Uma tarde, quase ao fim do expediente, foi chamado ao escritório principal.


Respirou descompassado.

— Seu joão. Nossa firma tem uma grande dívida com o senhor.

joão baixou a cabeça em sinal de modéstia.


— Sabemos de todos os seus esforços. É nosso desejo dar-lhe uma prova substancial de nosso reconhecimento.


O coração parava.


— Além de uma redução de dezesseis por cento em seu ordenado, resolvemos, na reunião de ontem, rebaixá-lo de posto.


A revelação deslumbrou-o. Todos sorriam.


— De hoje em diante, o senhor passará a auxiliar de contabilidade, com menos cinco dias de férias. Contente?

Radiante, joão gaguejou alguma coisa ininteligível, cumprimentou a diretoria, voltou ao trabalho.

Nesta noite, joão não pensou em nada. Dormiu pacífico, no silêncio do subúrbio.


Mais uma vez, mudou-se. Finalmente, deixara de jantar. O almoço reduzira-se a um sanduíche. Emagrecia, sentia-se mais leve, mais ágil. Não havia necessidade de muita roupa. Eliminara certas despesas inúteis, lavadeira, pensão.


Chegava em casa às onze da noite, levantava-se às três da madrugada. Esfarelava-se num trem e dois ônibus para garantir meia hora de antecedência. A vida foi passando, com novos prêmios.


Aos sessenta anos, o ordenado equivalia a dois por cento do inicial. O organismo acomodara-se à fome. Uma vez ou outra, saboreava alguma raiz das estradas. Dormia apenas quinze minutos. Não tinha mais problemas de moradia ou vestimenta. Vivia nos campos, entre árvores refrescantes, cobria-se com os farrapos de um lençol adquirido há muito tempo.

O corpo era um monte de rugas sorridentes.


Todos os dias, um caminhão anônimo transportava-o ao trabalho. Quando completou quarenta anos de serviço, foi convocado pela chefia:

— Seu joão. O senhor acaba de ter seu salário eliminado. Não haverá mais férias. E sua função, a partir de amanhã, será a de limpador de nossos sanitários.


O crânio seco comprimiu-se. Do olho amarelado, escorreu um líquido tênue. A boca tremeu, mas nada disse. Sentia-se cansado. Enfim, atingira todos os objetivos. Tentou sorrir:


— Agradeço tudo que fizeram em meu benefício. Mas desejo requerer minha aposentadoria.

O chefe não compreendeu:

— Mas seu joão, logo agora que o senhor está desassalariado? Por quê? Dentro de alguns meses terá de pagar a taxa inicial para permanecer em nosso quadro. Desprezar tudo isto? Quarenta anos de convívio? O senhor ainda está forte. Que acha?

A emoção impediu qualquer resposta.

joão afastou-se. O lábio murcho se estendeu. A pele enrijeceu, ficou lisa. A estatura regrediu. A cabeça se fundiu ao corpo. As formas desumanizaram-se, planas, compactas. Nos lados, havia duas arestas. Tornou-se cinzento.

joão transformou-se num arquivo de metal.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Produção textual: Retorno das férias

Objetivos: Interação da turma, observação da escrita e da expressão oral para se ter uma análise do desempenho da turma no início do ano; trabalhar a criatividade na produção textual; exercitar palavras que normalmente geram problemas de ortografia.


Conteúdo: Produção textual, expressão oral

Métodos/ Estratégias: O professor deve propor um texto que todos devem escrever ao mesmo tempo. A temática será: o que você fez nas férias. Os alunos devem então iniciar a introdução de sua história e mais ou menos de dois em dois minutos o professor escreverá no quadro uma palavra preferencialmente que contenha alguma dificuldade de ortografia, a qual deverá ser introduzida na história ainda que não fizesse parte da narrativa que o aluno está predisposto a escrever. Cada palavra ficará exposta no quadro, no máximo por um minuto, sendo imediatamente apagada. São aconselhadas cerca de 10 palavras. Ao final, será pedido para que todos dêem um desfecho à história. Cada aluno terá de ler para o restante da classe a sua criação. Além disso, a narrativa deverá ser entregue à professora para avaliação.

Recursos didáticos: Papel e caneta, quadro-negro.

Avaliação: Será analisada a capacidade de expressão oral do aluno, bem como o nível lingüístico em que se encontra no quesito produção textual, no qual serão levados em conta aspectos como coesão e coerência, estrutura frasal e textual, adequação semântica, ortografia e pontuação.

Variações: Caso o professor esteja disposto a trabalhar somente a criatividade do aluno na produção textual, poderá, ao invés de escrever as palavras no quadro, apresentar gravuras ou objetos.

sábado, 7 de agosto de 2010

Bullying - Trabalhando com tirinhas


BULLYING: TRABALHANDO COM TIRINHAS (parte1)



Objetivos: Trabalhar com um texto leve e com imagens para dar início às atividades de interpretação, avaliar o nível de interpretação a que os alunos conseguem chegar, introdução e discussão do tema bullying, introdução ao texto narrativo.


Conteúdo: leitura, interpretação e produção textual.


Métodos / estratégias: Serão distribuídas entre os alunos 5 tirinhas do Calvin, abordando a temática Bullying na escola. Deve-se discutir se eles conhecem o personagem e contextualizar a história previamente. Em seguida, será dado o seguinte questionário:

a) Tirinha 1: Quais os personagens que aparecem?

b) Tirinha 1: Por que Calvin se submete às ordens do menino Moe?

c) Tirinha 2: O mesmo menino volta a ameaçar Calvin. Qual o termo que Moe usa para se dirigir a Calvin? O que você acha do termo usado?

d) Tirinha 2: Calvin diz odiar Educação Física. Você acha que esse ódio tem alguma relação com os atos de Moe?

e) Tirinha 3: Calvin teve coragem de se opor a Moe. Qual a consequência disso?

f) Tirinha 3: Você concorda com a afirmação de Calvin em sua última fala? Explique.

g) Qual você acha que deve ser o motivo pelo qual Moe toma atitudes agressivas em relação a Calvin?

h) Qual você acha que deveria ser a atitude de Calvin para não ter mais problemas com Moe?

i) Você já viu alguma situação semelhante em sua escola? Conte como aconteceu.

j) Assinale o termo abaixo que você acha que pode ser mais corretamente aplicado ao ocorrido entre Calvin e Moe:
( ) Racismo = é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras.

( ) Violência doméstica = é aviolância, explícita ou velada, literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos, irmãos etc.

( ) Bullying = termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.


As respostas serão debatidas em grupo, ou entregues à professora.

Recursos didáticos: Tirinhas, caneta, quadro.

Avaliação: Os resultados (respostas dos questionários) servirão como base para a professora identificar qual o nível de interpretação dos textos em que se enquadra a turma; além disso, os alunos deverão ser capazes de identificar o que é bullying e de pensar em soluções para esses casos.


BULLYING: TRABALHANDO COM TIRINHAS (PARTE 2)

Objetivos: Criar tirinhas com assuntos relacionados ao bullying de forma que possam expressar o entendimento do aluno sobre o tema, além de contribuir em uma campanha da escola contra formas de discriminação.


Conteúdo: Produção textual em forma de tirinhas.

Método/ estratégia: A turma deve organizar-se em dupla, discutir e criar uma breve história relatando em poucos quadrinhos alguma situação de bullying que tenha presenciado, vivido ou imaginado. A história deve ser apresentada em forma de quadrinhos de pouca extensão e conter um desenvolvimento que leve, preferencialmente, ao riso e à reflexão. Cada dupla deve fazer primeiramente a parte textual, um esboço e, por fim, a arte final com muito capricho.

 
Recursos: Folhas de ofício, lápis, lápis de cor, hidrocor.


Avaliação: O trabalho valerá nota, sendo cobrado o que já foi estudado e, se necessário, deixados feedbacks.



Criando um texto de apresentação

Objetivos: Promover a interação com a turma, fazer levantamento de dificuldades ortográficas, exercitar a criatividade, produzir um texto menos óbvio de auto apresentação. Percebe-se que os textos de apresentação acabam caindo em informações óbvias, pouco explicadas e sem conexão entre uma e outra. A atividade proposta busca desviar desses problemas e ainda proporciona ao professor um panorama tanto para conhecer mais a fundo seus alunos como para verificar como anda a escrita dos mesmo. Trata-se, portanto, de uma atividade ideal para o primeiro dia de aula.


Conteúdo: Produção textual e leitura oral


Duração: 2 aulas


Métodos / Estratégias: Cada aluno receberá uma folha com várias afirmações que possam lhe caracterizar e deverá destacar aquelas que considerar verdadeiras, passando as demais adiante. A partir das afirmações deverá produzir um texto, seguindo algumas estratégias explicitadas pela professora, conforme segue.


- O texto deve possuir introdução, desenvolvimento e conclusão.

- O texto não deve ser formado apenas pelas frases escolhidas, mas, a partir das mesmas, deve-se explorar o assunto e contar outras informações ou até mesmo pequenas histórias que possam elucidar mais sobre suas características.

- Ao mudar de assunto, não fazer isso de forma repentina, sempre deixar um gancho.


O texto será apresentado oralmente, sendo que lido por outro colega de forma que os demais deverão descobrir de quem se trata a autoria.


Recursos didáticos: folha de afirmações entregue pela professora (em anexo), tesoura, papel e caneta


Avaliação: A avaliação será no sentido de o professor preparar aulas adequadas às características da turma, assim como resolver determinadas dificuldades ortográficas que possam aparecer.


Abaixo seguem algumas frases utilizadas as quais pareceram ter mais identificação por parte dos alunos:

Tenho medo de que meus pais me repreendam por algo que fiz.

Só gosto de ler histórias em quadrinhos.

Adoro assistir a novelas.

Estou entrando na adolescência e minha mãe ainda me coloca de castigo.

Já fugi de casa para sair com amigos.
Sou louco por vídeo game, passo a tarde toda jogando.

Sonho em ser muitas coisas, mas acho tudo muito difícil de se realizar.

Adoro me comunicar pela Internet.

Nada melhor do que tomar um banho de chuva.
Quero poder sair à noite, mas meus pais não deixam.

domingo, 1 de agosto de 2010

A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:

- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu:

- É areia!

Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou:

- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não “espaia” ? – quis saber a velhinha.

- Juro – respondeu o fiscal.

- É lambreta.

(Stanislaw Ponte Preta)

http://simplesmenteportugues.blogspot.com/2009/11/atividade-interpretacao-de-texto-5.html

A cigarra e a formiga - relações intertextuais entre dois textos sobre a mesma fábula

TEXTO 1: A CIGARRA E A FORMIGA


La Fontaine



Tendo a cigarra cantado durante o verão,

Apavorou-se com o frio da próxima estação.

Sem mosca ou verme para se alimentar,

Com fome, foi ver a formiga, sua vizinha,

pedindo-lhe alguns grãos para agüentar

Até vir uma época mais quentinha!

- "Eu lhe pagarei", disse ela,

- "Antes do verão, palavra de animal,

Os juros e também o capital."

A formiga não gosta de emprestar,

É esse um de seus defeitos.

"O que você fazia no calor de outrora?"

Perguntou-lhe ela com certa esperteza.

- "Noite e dia, eu cantava no meu posto,

Sem querer dar-lhe desgosto."

- "Você cantava? Que beleza!

Pois, então, dance agora!"


TEXTO 2: A CIGARRA E A FORMIGA - Vejam uma releitura da fábula de La Fontaine:

Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra, muito amigas.

Durante todo o outono a formiguinha trabalhou sem parar armazenar comida para o período de inverno, não aproveitou nada do sol, da brisa suave do fim da tarde e nem do bate papo com os amigos ao final do expediente de trabalho tomando uma cerveja, seu nome era trabalho e seu sobrenome, sempre.

Enquanto isso a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos nos bares da cidade, não desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o sol, curtiu para valer sem se preocupar com o inverno que estava por vir.

Então, passados alguns dias, começou a esfriar, era o inverno que estava começando. A formiguinha exausta entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida.

Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca e quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu, sua amiga cigarra dentro de uma Ferrari com um maravilhoso casaco de vison.

E a cigarra falou para a formiguinha: Olá amiga, vou passar o inverno em Paris, será que você poderia cuidar de minha toca? E a formiguinha respondeu: Claro, sem problema, mas o que lhe aconteceu que você vai para Paris e está com esta Ferrari?

No que a cigarra responde: Imagine você que eu estava cantando em um bar na semana passada e um produtor gostou da minha voz e fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga deseja algo de lá?

Respondeu a formiguinha: Desejo sim, se você encontrar por lá um tal de La Fontaine, mande ele catar lata !

Moral da história:

Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine.

Tecendo a manhã


"Um galo sozinho não tece a manhã:

ele precisará sempre de outros galos.



De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro: de um outro galo

que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzam

os fios de sol de seus gritos de galo

para que a manhã, desde uma tela tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.



E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.



A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão".

(João Cabral de Melo Neto)


http://www.consciencia.net/2006/0117-melo-neto.html

Sugestão que de atividade de compreensão do poema:

1- O texto, por ser um poema, é composto por versos, que consiste em cada linha do poema. A partir dessa afirmação responda:


a) Quantos versos possui o poema?

b) Esses versos estão reunidos em grupos? Quantos versos há em cada grupo?

c) Você já viu outras obras que também se dividem em versos? Cite alguma.


2- Os grupos de versos se chamam estrofes. Sabendo disso, responda as perguntas que seguem:

a) Qual a idéia principal da primeira estrofe?

b) Na segunda estrofe o poeta passa a idéia de que os galos atiram seu grito uns aos outros como quem lança um fio que tece a manhã como uma teia. Isso seria possível se fosse um galo sozinho?

c) Na terceira estrofe, enfim, surge a __________.

d) Na quarta e última estrofe, como se dá o desfecho do poema?


3- Na sua opinião, o que podem estar representando os galos citados no poema?

4- Por que eles precisam se juntar para tecer a manhã?


5- Você acha que a manhã pode estar representando outras coisas que precisam da união de “galos” para que sejam “tecidas”? O que você citaria?

sábado, 31 de julho de 2010

Uma Vela para Dario

Dalton Trevisan





Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.



Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.



Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca.



Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.



A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.



Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las.



Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.



Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.



Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes.



O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão.



A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.



Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.



Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.



Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.



http://www.releituras.com/daltontrevisan_dario.asp

Amar


Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer, amar e malamar,

amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,

sozinho, em rotação universal, senão

rodar também, e amar?

amar o que o mar traz à praia,

o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,

o que é entrega ou adoração expectante,

e amar o inóspito, o áspero,

um vaso sem flor, um chão de ferro,

e o peito inerte, e a rua vista em sonho,

e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor à procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,

e na secura nossa, amar a água implícita,

e o beijo tácito, e a sede infinita.


(Carlos Drummond de Andrade)


http://www.letras.com.br/carlos-drummond-de-andrade/amar

A longa história dos quadrinhos

A trajetória que levou às HQs começou há muito tempo. Confira!



Quem gosta de ler histórias em quadrinhos, com certeza, já se perguntou como elas surgiram. Porém, o que não deve imaginar é que existem várias respostas diferentes para essa questão...



A idéia de contar histórias por meio de imagens pode ser observada desde a pré-história. Nessa época, os seres humanos desenhavam nas rochas os acontecimentos de seu dia-a-dia, como as caças que realizavam. Desenhos desse tipo existem nas cavernas de Lascaux, na França, assim como em outros lugares do mundo, e são chamados de arte rupestre. Quem tiver a chance ver essas pinturas pode perceber que as imagens obedecem a uma seqüência – assim como os quadrinhos que conhecemos hoje.



Já na Antigüidade temos o exemplo de Trajano, imperador romano que, no ano 113, mandou construir uma coluna, onde suas batalhas eram contadas em vários desenhos feitos em espiral. A coluna hoje leva seu nome e quem a vê pode constatar que as imagens obedecem a uma ordem e estão relacionadas umas com as outras, contando uma história.



Caminhando bem mais no tempo, chegamos à Idade Média, mais precisamente ao século 14, quando temos um outro exemplo de história que lembra os quadrinhos: a via-sacra cristã – a história do julgamento e crucificação de Jesus contada pela Igreja Católica, que é narrada em vários estilos. Em algumas igrejas, ela é feita de pedra, em outras, em pinturas ou em painéis artesanais.



“Mas o pioneiro das histórias em quadrinhos, quem mais se aproximou das que conhecemos hoje, foi o professor suíço Rodolphe Töpffer, que desenhou M. Vieux-Bois , talvez a primeira história em quadrinhos do mundo, criada em 1827”, esclarece Beto Pimentel, físico e desenhista. “O próprio Töpffer, porém, dizia ter se inspirado nas gravuras seqüenciais do artista inglês William Hogarth do início do século 18.”



No entanto, o primeiro quadrinho publicado com o formato consagrado hoje em dia foi a tirinha de Yellow Kid (em português, Garoto Amarelo ) publicada em cinco de maio de 1895 no jornal World , de Nova York, Estados Unidos. Seu autor, Richard F. Outcault, foi o primeiro a utilizar falas em seus desenhos – aqueles balões que vemos nos quadrinhos atuais. “Mas muito antes disso vários outros autores já produziam historinhas ilustradas, em que os desenhos apareciam em seqüência com o texto correspondente à narrativa ou à fala das personagens, logo abaixo da ilustração”.



No Brasil, os quadrinhos surgiram na mesma época, por volta de 1869, com o caricaturista Ângelo Agostini, que criou As Aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora , na revista Vida Fluminense , do Rio de Janeiro. Já no início do século 20, revistas para crianças, como Tico-Tico e Sesinho – relançada em 2001 –, traziam quadrinhos de grande sucesso. Mais tarde, a partir de 1960, revistas de quadrinhos famosas como a Turma do Pererê , do cartunista Ziraldo, e A turma da Mônica , de Maurício de Sousa, chegam às bancas para alegria de quem gosta desse tipo de história.





Ciência Hoje das Crianças (11/05/07)

http://leiturativa.blogspot.com/search/label/Curiosidades

O Bicho

“Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem”.

Manuel Bandeira

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Texto de George Carlin (Sem título)

O homem da favela

Dr. Levi dá plantão no Hospital dos Operários que fica perto de uma favela. Ele é meio conhecido na favela porque sobe o morro de vez em quando, em visita médica à Associação dos Deficientes Visuais. Mesmo assim, já foi assaltado nove vezes, sempre de manhã, quando está saindo do pátio em seu carro. Por causa disso, Dr. Levi anda prevenido. Não compra revólver mas, ao deixar o plantão, já vem com a chave do automóvel na mão, passos rápidos, abre a porta, entra depressa, liga o motor, engrena a marcha, acelera e dispara. Não se preocupa com os malandros que tentam abordá-lo na estrada.

A neblina prejudica a visão do médico nessa manhã de inverno. Ele aperta o dispositivo de água, liga o limpador que faz o semicírculo com seu rastro no pára-brisa. Vê no meio da estrada, ainda distante, um pedestre que finge embriaguez. O marginal está um tanto desnorteado, meio aéreo, andando sem rumo, em ziguezague. Parece trazer um porrete na mão.

Dr. Levi será obrigado a diminuir a aceleração e a reduzir a marcha. Se o mau elemento continuar na pista, terá de frear. Se parar, poderá ser assaltado pela décima vez. O carro se aproxima do malandro. Ele usa boné com o bico puxado para frente, cobrindo-lhe a testa. Óculos escuros para disfarce, ensaia os cambaleios, tomba um pouco a cabeça, olha para cima, procura o sol que está aparecendo, sem pressa, com má vontade.

O médico, habituado a salvar vidas, tem ímpeto de matar. Acelera mais, joga o farol alto na cara do pilantra, buzina repetidas vezes. O mau-caráter faz que procura o acostamento, mas permanece na pista.

O carro vai atropelar o velhaco. Talvez até passe por cima dele, se continuar fingindo que está bêbado. Menos um para atrapalhar a vida de gente séria.

O esperto pressente o perigo, deve ter adivinhado que o automóvel não vai desviar-se dele, ouve de novo a buzina, o barulho do motor cada vez mais acelerado. De fato, o carro não desvia de seu intento. Obstinado, segue seu rumo. Vai tirar um fino.

O vivaldino é atingido de raspão, cambaleia agora de verdade, cai de lado. O cirurgião ouve o baque, sente o impacto do esbarro.

Vê pelo retrovisor interno a vítima caída à beira da estrada. O vidro de trás está embaçado, mas permite distinguir o vulto, imagem refratada. Gotas de água escorrem pelo vidro não como lágrimas, e, sim, como bagas de suor pelo esforço da corrida. Não há piedade, há cansaço.

Dr. Levi nota que o retrovisor externo está torto, danificado. Diminui a marcha, abaixa o vidro lateral, tateia o retrovisor do lado de fora. O espelho está partido, sujo de sangue. O profissional se sente vingado, satisfeito, vitorioso, como se estivesse saindo do bloco cirúrgico, após delicada operação, na qual fica provada a sua frieza, competência, habilidade. O dom de salvar o semelhante e de também salvar-se.

No dia seguinte, ao cair da tarde, chega o plantonista ao Hospital dos Operários. Toma conhecimento do acidente. O paciente – algumas fraturas, escoriações – está fora de perigo. Deu entrada ontem de manhã, mal havia chegado o substituto do Dr. Levi.

Na ficha, anotações sobre a vítima: funcionário da Associação. Seus pertences: recibo das mensalidades, uns trocados, óculos e bengala. Cego.



LOBATO, Manuel. "O homem da favela". LEITE, Alcione Ribeiro. O fino do Conto. Rio de Janeiro: Editora RHJ.

http://www.educarede.org.br/img_conteudo/lingua%20portugusa_orientação%20para%20leirura%20I_o%20homem%20da%20favela.htm

O Professor Está Sempre Errado


O material escolar mais barato que existe na praça

é o professor!

Quando…

É jovem, não tem experiência.

É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um coitado.

Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.

Fala em voz alta, vive gritando.

Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta às aulas, é um “Caxias”.

Precisa faltar, é “turista”.

Conversa com os outros professores,

está “malhando” os alunos.

Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.

Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.

Não brinca com a turma, é um chato.

Chama à atenção, é um grosso.

Não chama à atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.

A prova é curta, tira as chances do aluno.

Escreve muito, não explica.

Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.

Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.

Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.

O aluno é aprovado, “deu mole”.

É, o professor está sempre errado mas,

se você conseguiu ler até aqui,

agradeça a ele!


                                           Jô Soares

Sobre a vírgula (Campanha da Associação Brasileira de Imprensa)

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.

Não, espere.

Não espere..



Ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4.

2,34.



Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.



Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.



A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.



A vírgula pode condenar ou salvar.

Não tenha clemência!

Não, tenha clemência!



Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.